Guilherme Amado – A verdade por trás da demissão do jornalista e colunista do site “Metrópoles”, no fim de semana.
Em uma postagem final, sem explicar os motivos de sua saída, ele agradeceu à chefia e a alguns companheiros.
“Chega ao fim, neste sábado, esta coluna no Metrópoles. Caramba, passou rápido! Fizemos barulho nesse tempo. Trouxe a coluna para cá acreditando no sucesso do modelo digital”, começou.
“Era maio de 2021, e o que pedi foi liberdade plena para (…) o trabalho de fiscalização do governo Bolsonaro e dos poderosos em geral, sem descuidar de informações exclusivas. Deu certo. Foi bonita a festa, pá.”
A verdade por trás
Procurado pelo site e pelo canal, Amado negou ter sido demitido e enviou uma longa nota que está publicada na íntegra, ao final deste texto.
Porém, não é isso que duas diferentes fontes dentro da Redação do Metrópoles contaram.
Também não é isso que circula em uma mensagem que, desde ontem (10), está circulando em grupos de jornalistas.
Amado foi demitido, dizem todos, porque foi flagrado exercendo trabalho remunerado fora do site. O trabalho, no caso, era remunerado pelo ICL, um conhecido canal militante pró-PT.
A direção do Metrópoles entendeu que houve quebra de confiança e o demitiu.
Demissão após incidente
O que aconteceu foi que Amado, outro militante esquerdista, já fazia participações ao vivo no ICL.
No entanto, passou a fornecer conteúdos em horário de trabalho, enquanto “botava dificuldades em gravar podcasts e vídeos para o “Metrópoles”.
O problema se agravou quando na última quarta-feira ele publicou no meio do expediente, no Metrópoles, por engano, um vídeo que estava enviando para o ICL.
Ao perceber o erro, ele tentou retirar o conteúdo do ar, e, como não conseguiu, foi falar diretamente com o diretor de TI.
O diretor não retirou e alertou a chefia pois o pedido era estranho. O vídeo embedado na coluna dele era de outro veículo.
Como viu que o conteúdo não ia sair do ar, ele tentou alterar os horários para a matéria sumir da vista dos leitores.
Enfim, tudo foi considerado grave e antiético, e ele foi demitido.
O espaço do outro
Ao contrário do que fez em coberturas como a do caso Marcius Melhem, quando jamais ouviu o ex-ator da Globo com imparcialidade, e fez o que pode para prejudicá-lo, dessa vez Amado teve outra atitude:
Pediu a este jornalista que publicasse sua versão dos fatos na íntegra, o que será feito, obviamente.
Aqui se faz jornalismo, não militância. Segue.
Outro lado
“Meu contrato com o Metrópoles não previa exclusividade para nenhum veículo, pelo contrário: tinha liberdade para fazer TV, rádio, atuar em quaisquer meios ou canais.
Não havia obrigação de avisar ou consultar o “Metrópoles” sobre a participação.
Entretanto, afirmo que o “Metrópoles” foi comunicado, sim, das minhas participações no ICL. Em junho de 2023, numa reunião em que estava a chefia, eu e outra colega do Metrópoles, eu disse que estava no ICL.
“Chefia sabia”
A chefia ouviu e seguimos no assunto da reunião, que era outro. Reforçando: havia uma testemunha de que a chefia tinha ciência. Portanto, nem no quesito contratual nem no ético houve quebra de confiança alguma.
Participo do ICL tal qual diversos profissionais do Metrópoles participaram de outros programas de YouTube. Toda a redação sabia e nem poderia ser diferente. O ICL tem a maior audiência do Youtube brasileiro todas as manhãs (nota do site: isso é uma mentira deslavada).
Eu entro ao vivo, diariamente, há quase três anos. Não tem como ninguém não saber disso.
Sobre a publicação do vídeo do ICL na minha coluna do Metrópoles.
“O bug”
Por algum bug do site do Metrópoles, até hoje não explicado pelo site nem resolvido por dificuldades técnicas, foi publicado na quarta-feira (6/11) um vídeo de minha participação no ICL na véspera.
Quando eu vi, imediatamente comuniquei a TI e solicitei a remoção, o que, por questões técnicas, ainda não aconteceu. Estranhamente, a TI não encontrou nenhum vestígio desse material no site.
Solicitei a remoção porque não teria sentido publicar algo do ICL em outro veículo.
Certamente trata-se de um erro de tecnologia e não de um lapso meu ou de minha equipe porque nenhum de nós sobe vídeos do ICL em nenhum lugar.
Minha participação (no ICL) se restringe a me conectar no horário combinado, fazer minha análise e desconectar. Não caberia cogitar, portanto, um descuido em uma tarefa que nunca realizo.
“Fui feliz”
Por fim, não fui demitido.
Minha empresa presta serviços ao Metrópoles — forma de contratação que justamente me dá autonomia para eu ter essa independência e foi uma exigência minha ao deixar meu antigo veículo.
Fui muito feliz no “Metrópoles”.
A redação comandada por Lilian Tahan, Priscilla Borges, Otto Vale e Márcia Delgado produz um site ágil e inspirador que fez eu e minha equipe sempre termos todas as condições pra entregar o bom jornalismo que entregamos.
Agradeço a eles por esses anos.”
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