Com um pontinha de dor no coração, acabei de ver “The Last Dance”.
É um documentário original da Netflix e versa sobre o reinado de Michael Jordan e do Chicago Bulls no basquete norte-americano e mundial nos anos 90.
A verdade é que minhas últimas semanas se resumiram, basicamente, em aguardar ansiosamente todas as segundas-feiras. Para devorar cada um dos dez episódios dessa obra-prima.
Aqui o primeiro adendo: trata-se de uma obra-prima não só de direção, edição e montagem, mas principalmente pelo elenco principal e pelos muitos e fabulosos “coadjuvantes”.
The First Dance
Desde o primeiro episódio de “The Last Dance” eu sabia que estava diante de algo inesquecível –a despeito de vivermos em um mundo de overdose de produções, inclusive da própria e exagerada Netflix.
A verdade é que há conteúdo demais para se assistir e a maioria absoluta é “espuma”.
Não há um bendito dia em que eu não leia alguém nas redes sociais citando uma nova série de streaming como sendo o mais novo paradigma e suprassumo da dramaturgia mundial.
O único paradigma que confirmo é que vivemos no país dos 210 milhões de especialistas em TV exagerados.
Nove entre dez vezes que vou conferir a opinião alheia, costumo bocejar.
Neste caso, graças a Deus, não.
Tudo que li sobre “The Last Dance” desde o princípio é até pouco.
O documentário do diretor Jason Rehir é mais que genial. É uma viciante história de vida, de caráter, de falhas de caráter, de força, união e rivalidade entre seres humanos dignos.
Tudo isso soa como algo absolutamente inusual nestes tempos de ódio e rancor –inclusive no esporte.
O Chicago Bulls e o basquete norte-americano dos anos 90 são incríveis exemplos de como o esporte pode elevar as qualidades e aptidões humanas.
Bom, o personagem central talvez tenha de fato subido um degrau na humanidade.
Se existiu o Rei Pelé, então Michael Jeffrey Jordan mereça o adjetivo de anjo. Cada qual com sua bola.
Mas, definitivamente são absolutamente similares em suas genialidades.
Michael Jordan, o Anjo Negro
Hoje com 57 anos, nascido numa família pobre, porém batalhadora no Brooklyn (Nova York), MJ chega a ser chamado de Deus Negro por um de seus maiores rivais, Reggie Miller, do Indiana Pacers.
A questão nem é tanto o fato de que MJ ganhou seis de oito títulos da NBA que disputou (em dois tricampeonatos).
Não se trata só de números.
Por exemplo, Phil Jackson, técnico do Bulls, ganhou 13 títulos (11 como técnico e dois como jogador).
É bem mais que a simples estatística ou matemática. Aliás, a produção é bem mais do que apenas Jordan.
O documentário é sobre gerações de jogadores, times, técnicos e dirigentes.
Fala de vencedores e perdedores. E os dois de forma honrosa.
Michael Jordan é o centro das atenções, claro. Mas o filme parece abraçar tudo o que estava à sua volta, inclusive seus defeitos e seus adversários.
Os coadjuvantes
Seus pais, irmãos, vizinhos, colegas de time, o segurança, a esposa do segurança, o infeliz que ousou provocá-lo, o suposto vício em jogatina (bem suposto mesmo), o péssimo hábito tabagista, inclusive nos vestiários…
Está tudo lá.
Outro grande mérito da minissérie é prender a atenção com idas e vindas no tempo, que ao mesmo tempo confundem e hipnotizam o espectador.
Difícil até para mim, um voraz consumidor de documentários –especialmente os esportivos com a grife ESPN, como este–, me lembrar de uma produção ao mesmo tempo tão crítica, tão abrangente e admirável.
São anos de imagens reais e depoimentos sem arestas aparadas.
Quem ama Michael Jordan, fala. Quem não gosta dele, fala também. Quem não viveu os anos 90 tem aí sua grande chance.
De certeza, só sei que a próxima segunda-feira não será mais um dia tão feliz.
Minissérie: “The Last Dance”
Onde: Netflix
Episódios: 10
Avaliação: Maravilhosa ?????
Veja outras avaliações de filmes e seriados no site Ooops
O trailer de “The Last Dance”