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Uma Introdução ao xamanismo (2)

Texto introdutório sobre xamanismo e feitiçaria

Este é o segundo de uma série de textos que estou escrevendo sobre xamanismo e religiões pouco conhecidas no site Ooops.

Por que estou escrevendo isso? Porque adoro ler e estudar sobre religiões. E, claro, porque o site é meu.

Brincadeira.

Como disse no primeiro texto o objetivo aqui não é convencer a ninguém que o que escrevo é verdade ou fazer proselitismo religioso.

A religião ou fé das pessoas –assim como a sexualidade– não é da minha conta (e vice-versa)

Passei e passo boa parte de minha vida dedicado a estudar –e vivenciar– religiões.

Quase todas têm suas qualidades, suas verdades e seu poder de equilibrar, confortar, alimentar ou tranquilizar, quando não de preencher a vida.

Claro que também podem ter efeito diferente e se tornar “muletas” ou, pior ainda: “armas”. Ou fábricas de dinheiro.

Dito isso, se eu precisasse escolher uma coisa só para escrever para o resto da vida, como escritor ou jornalista, jamais optaria por TV, famosos, cinema ou mesmo minha amada música.

Eu escolheria religião.

Xamanismo, um prefácio

Confesso que, de todas as linhas religiosas, místicas ou filosóficas que tive contato desde criança, o xamanismo é a mais fascinante e mais assombrosa.

É simplesmente uma outra forma de ver o mundo.

Nos últimos 1.200 anos, mais ou menos, as pessoas que se dedicaram a essas práticas, seja na Europa (Ocidental ou Oriental), Ásia ou Américas, eram consideradas feiticeiras, bruxas ou tendo contrato firmado com o capiroto.

Muitas foram parar numa estaca ou queimadas em praça pública (isso para os negacionistas da Inquisição é mentira, claro).

Quando os espanhóis chegaram à América eles –com auxílio dos missionários católicos– simplesmente destruíram o que restava de um xamanismo então já decadente.

Templos foram colocados abaixo, documentos foram queimados, objetos históricos foram derretidos e convertidos em jóias para a Coroa Espanhola e seus apaniguados.

Lugares que eram considerados templos de poder pelos pré-colombianos foram reduzidos à cascalhos pelos conquistadores (não só os espanhóis, bom lembrar).

Curiosamente, no lugar em que esses templos ancestrais ficavam, os padres acabaram construindo igrejas e capelas.

Uma manobra fenomenal

Segundo alguns relatos, nos 16 e 17, possivelmente, quando estavam já quase extintos, alguns feiticeiros remanescentes finalmente perceberam que não podiam nem lutar contra aquela novidade (os colonizadores e sua religião).

O que fizeram? Procuraram outra abordagem.

Passaram a se esconder justamente dentro da igreja.

Numa manobra ardilosa, eles fingiram conversão. Alguns se tornaram inclusive coroinhas, sacristãos e até mesmo padres.

Por influência desses feiticeiros que se infiltraram na Igreja Católica, quase todos os lugares de poder xamânico que foram destruídos na América Central se transformaram em igrejas (inclusive a famosa catedral metropolitanas da Cidade do México).

Ou seja, mesmo nocauteados deram um jeito de manter seus locais “sagrados” vivos, ainda que com outras construções e denominações em cima.

A visão de mundo dos xamãs e feiticeiros

Bom, não vou me alongar muito nesta recapitulação, que é baseada em livros que você pode comprar para estudar o assunto, caso se interesse.

Este texto é baseado em dezenas de livros de Carlos Castaneda, Taisha Abelar, Florinda Donner-Grau, Armando Torres, Carmina Forti, G.I. Gurdjieff, P.D. Ouspensky e em alguns textos sobre teoria da física quântica, além de ensaios a respeito.

Também se baseia em dezenas de práticas (exercícios) ensinados pelos xamãs ancestrais.

Ofereço o texto àquele que considero meu mestre espiritual, Raimundo Irineu Serra (1890-1971), e ao pequeno grupo de “malucos” do qual faço parte nessa, digamos, jornada.

Seguem alguns conceitos e visões do mundo pelo xamanismo.

Os xamãs desenvolveram técnicas e dons físicos muito difíceis de acreditar. Principalmente nestes tempos das gentes com verdades absolutas.

Por exemplo, eles não dormem como nós.

Quero dizer: sim, eles vão deitar, fecham os olhos e “adormecem”, mas uma das técnicas que o xamanismo ensina é manter a consciência (vigília) mesmo durante o sono.

Grosso modo, o que quero dizer é que em praticamente todos os sonhos os feiticeiros “avançados” mantêm no mínimo a mesma consciência que você tem agora lendo este texto.

Dessa forma eles visitaram outros “mundos”, dimensões e tiveram e têm contato com outros seres –chamados seres inorgânicos.

Mas, quase tudo isso já falei no primeiro texto desta série.

A Vida, o nascimento

A vida segundo os feiticeiros começa no momento exato da concepção.

No momento em que dois seres (de qualquer espécie) promovem uma fecundação, nesse momento a vida é concebida.

Antes que os anti-abortistas comecem a berrar “Viva, a Damares estava certa!!”, queria avisar que na América pré-colombiana (e em outras regiões do planeta) a prática do aborto não só era comum como não era combatida por nenhum ministério do Bolsonaro ou pelos achamados “cristãos de bem”.

Lembrem-se: essa civilização jamais teve contato com o Cristianismo e tinha sua própria forma de viver, de “enxergar” e de compreender o mundo.

Para o xamanismo há inúmeras formas de vida e o ser humano não está sozinho nem neste planeta e nem estaria se fosse morar no resto do Universo (batam na madeira).

Feiticeiros exploradores teriam descoberto inclusive que formas de vida inorgânica também têm relações sexuais e procriam, mas não são ações que possam ser comparadas às que ocorrem com os seres humanos.

Segundo todos os livros que li a respeito, nenhum xamã ou feiticeiro jamais conseguiu responder à pergunta: “de onde surgiu o que hoje chamamos ser humano”.

Para eles, a raça humana como a conhecemos é resultado de uma, digamos, “intervenção” externa.

Em outras palavras: no princípio havia no Universo um ser (humano) que tinha uma outra “configuração” que não a atual.

Não era feito de matéria (pele, osso, água etc), não vivia num mundo de três dimensões e não tinha a razão ou autorreflexão como características inatas que temos hoje, por exemplo.

Não. Os feiticeiros viram que por trás dessa aparência material o ser humano é, na verdade, uma espécie de bolota selada e luminosa de energia.

Éramos seres com poderes inimagináveis, mas não eram presos à dualidade como hoje. De certa forma ainda somos, mas não alcançamos mais nosso potencial.

Por quê? Porque aqui começa a história de terror da raça humana.

Acontece, dizem os xamãs, que algo (vivo) muito mais poderoso que o ser humano, um predador oriundo dos confins do universo imaterial, descobriu aquelas bolotas e passou a se alimentar da energia delas.

Mas, isso é assunto tenebroso para detalhar em um outro (longo) texto.

Resumindo a vida segundo o xamanismo: quando dois seres fecundam um novo ser, uma nova bolota (vida) é criada e disciplinada por seus pais e quem quer que esteja a sua volta a ver o mundo como eles:

Material, cheio de coisas, explicações, leis e “impossibilidades” (como permanecer acordado durante o sono ou interromper os pensamentos –duas coisas que os adultos nos ensinaram que é impossível).

Criar uma nova “bolota” tem seu preço, dizem os feiticeiros: cada indivíduo envolvido na criação de um novo ser dá uma parte de sua luminosidade nesse processo.

Se o resultado da fecundação for um menino, isso significa que o pai deu a maior parte dessa energia. Se for menina, o bocado maior de luz veio da mãe.

Como eram também videntes, os xamãs “viram” em suas jornadas astrais (digamos) que, após a criação de uma nova vida, os pais ganham uma espécie de mancha escura em suas “bolotas”.

Essa mancha é como se fosse um ralo ou um dreno, pelo qual doaram uma parte de sua própria energia.

Esse “buraco” jamais será tampado, exceto no terrível caso em que os filhos morram.

Isso é interessante e perturbador, já que a maioria dos pais que infelizmente perderam filhos sempre diga que tem um buraco que jamais será preenchido.

Pois os feiticeiros dizem que essa terrível sensação é física: se deve ao fato de a energia que eles tinham doado a um outro ser retorna a eles sem que a tenham pedido.

Então, de certa forma, a energia que doaram, e que foi fertilizada e cresceu com seus filhos, volta a eles queiram ou não.

Ou seja: mesmo os filhos que partiram prematuramente, de certa forma, sempre estarão vivos dentro de seus pais.

Ainnn, e quem não tem filhos?

Sabia que alguém ia perguntar isso.

Para o ser humano comum, ter filhos significa mais responsabilidade.

Em raríssimos casos se reflete na diminuição do egocentrismo. Afinal, você tem um(a) pequeno(a) para cuidar.

No entanto, os feiticeiros “raiz” (para usar uma expressão comum) evitam ter filhos e também fazer sexo.

Por zero motivos moralistas, repito, e sim por motivos de utilização de energia.

Mas, isso vamos tratar outra hora para não bagunçar ainda mais a sua cabecinha.

A percepção do ser humano

A forma como vemos o mundo nos foi ensinada.

Aqui vamos levar as teorias de significado da palavra de Ludwig Wittgenstein e Noam Chomsky às últimas consequências.

Você só fala a palavra árvore ou montanha ou pássaro ou feijão ou orégano porque alguém te ensinou a identificar e nomear essas “palavras”.

Nós somos frutos de uma sintaxe criada por nós e para nós.

Pois bem, para os feiticeiros ancestrais a sintaxe era outra.

Montanhas, plantas, riachos, cachoeiras e o mundo tinham outro significado e eles viam tudo isso como uma realidade igual a que você tem quando vai ao shopping e vê lojas.

Os feiticeiros viram que era possível interagir e ter contato com outras entidades do universo, seja dormindo ou acordados.

E eles se dedicaram a isso.

Morte

Os feiticeiros também perceberam rapidamente que tudo que está vivo, morre. Com o ser humano, obviamente, também.

Por milênios, talvez, esses homens tentaram achar uma manobra para prolongar a vida até a eternidade.

Por quê? Porque eram egocêntricos como nós.

Entre essas manobras, alguns feiticeiros degenerados chegaram a se enterrar vivos para manter a consciência. E alguns realmente conseguiram.

Uma das formas foi morrer voluntariamente (não suicídio) e atravessar portais que estão disponíveis a todos os seres humanos –para começar, a partir dos sonhos.

Diz a lenda, povos inteiros foram levados por xamãs deste mundo material para, digamos, o mundo dos sonhos. E eles estão “vivos” até hoje seja lá onde for.

Grosso modo, a mumificação dos faraós do Egito antigo já é uma forma rebaixada dessa ideia de permanecer “vivo” após a morte, imbuída pelos xamãs (ainda mais) antigos.

É provável que cada ser que originou cada múmia egípcia (ou as de Nazca) ainda esteja “consciente” em algum lugar no tempo e no espaço.

Mas vai lá saber a que preço, qual a qualidade desse tipo de “vida” e a “esgotosfera” presente naquele ambiente.

Outra manobra nesse sentido foi tentada por feiticeiros degenerados, que escolheram a técnica de se enterrar vivos.

Há um local no interior do México que um grupo desses feiticeiros se enterrou vivo e há relatos de que as pessoas veem e sofrem coisas absurdas quando passam nesses locais.

Ao ponto de autoridades locais proibirem a entrada de pessoas nessas regiões.

Esses feiticeiros “zumbis” que se enterraram sobrevivem se alimentando do medo, mas se um andarilho incauto cair nesse local corre risco de ser devorado de fato, em carne e osso.

Para fechar este tema (por enquanto), os feiticeiros antigos descobriram que a morte é uma espécie de entidade que acompanha TODOS os seres (humanos ou não) desde o momento da concepção.

Eles viram a morte, inclusive, do ponto de vista “espacial”.

Viram que ela a morte está fixada do lado esquerdo do nosso casulo, a cerca de um braço de distância de nossas costas.

Da mesma forma viram que a percepção do mundo (que eles chamam de ponto de aglutinação) está “instalada” do lado direito do “ovo”.

Eles ensinaram às pessoas a tocar a morte e a tê-la como conselheira.

Brrr! Que meda!

Reencarnação

O último tópíco do texto de hoje é dedicado a todos os meus amigos espíritas e espiritualistas, e certamente não vai agradar a muitos.

Mas, lembrem-se: este é um texto descritivo, a intenção não é converter ou fazer ninguém acreditar.

Então vamos resumir o que o xamanismo pensa de reencarnação:

“NÃO EXISTE REENCARNAÇÃO”.

Os feiticeiros viram que todos nós somos interligados e fazemos parte de um “fio” energético e de vida.

Cada um tem origem em um “fio” diferente.

Veja bem: você tem dois pais, quatro avós, oito bisavós, 16 tataravós, 32 tetravós e assim por diante…

Cada vida, cada ser humano é fruto dessa linhagem.

Se uma dessas milhões de pessoas das quais você descende tivesse morrido antes da hora, se suicidado ou não procriado você não estaria aqui de boca aberta ou fazendo muxoxo para este texto.

A vida é infinita no universo, e o ser humano nesse ponto não é mais especial que o restante (mas ele é em outras características).

Para os xamãs, quando alguém diz “ainnn eu me lembro de minhas vidas passadas” na verdade está lembrando é da memória ou vida de alguém que faz parte de sua linhagem.

E algumas vezes nem pertence de fato à linhagem. A pessoa também pode “captar” a vida de linhagens diferentes, especialmente de arquétipos.

É por isso que tanta gente acha que foi uma “rainha”, um faraó, um escravo hebreu ou uma personalidade da história. Ela apenas está acessando o que os ocultistas chama de “arquivo akáshico” –a memória dos tempos.

Pessoas que nascem com defeitos físicos ou doenças não estão “pagando” por erro algum cometidos em outras vidas.

Na verdade são como folhas de uma mesma árvore.

Há folhas perfeitas e imperfeitas, mas todas fazem parte de um organismo comum.

No caso das folhas, é a árvore.

No caso dos humanos, é a Terra (árvores incluídas aí).

Resumindo: você, que está lendo este texto, só terá esta “vida” para alcançar todo seu potencial.

Claro que é preciso saber se você tem, antes de tudo, interesse; depois, energia para empreender essa jornada.

Sobre isso tratarei num próximo texto.

De qualquer forma, depois que morrer você ainda vai ter mais um “tempinho” de consciência –seja morrendo como pessoa comum, seja “morrendo” da forma que os feiticeiros fazem.

Porém, para nossa evolução como seres energéticos, isso não vai ser de grande utilidade.

Você morto vai ser tão “poderoso” quanto era quando vivo. Ou seja, pouca porcaria.

O local da batalha para desenvolver a consciência, dizem, os feiticeiros, é aqui e agora.

Além disso, pensando em longo prazo, um dia, a consciência de todos os seres (orgânicos ou inorgânicos) vai desintegrar e se unir ao Todo.

Os feiticeiros inclusive descobriram que nenhuma vida originária neste planeta poderia durar mais que ele.

Esse é o nosso caso, mas não é o caso dos “voladores” (como os feiticeiros chamam esse ser alienígena que nos dominou).

Ou seja, se a Terra desaparecer (não disse ficar inabitada), todos os humanos (vivos seja no mundo material ou no “quântico”, como os feiticeiros que se enterraram vivos etc.) irão morrer junto.

Enfim, mais um motivo para que comecemos a tratar melhor nosso planeta.

Mas, se a Terra “morrer”, a hora da morte os “voladores” ainda não terá chegado. Eles seguirão sua jornada. Possivelmente irão atrás de outra “comida” em outro lugar do Universo.

Por hoje é só, pessoal. Alguns de vocês já estão pálidos.

Em breve retornarei a esta série “Xamanismo, uma Introdução”.

Conheça o site Ooops

Xamanismo, Uma Introdução 1