A edição digital da revista “Veja” publicou na noite desta terça (13) uma longa reportagem com áudio, mensagens, depoimentos e informações inéditas sobre a acusação de Dani Calabresa e outras sete mulheres que acusaram Marcius Melhem de assédio sexual.
Em que pé o caso está?
Na polícia, a delegada (a 3ª do caso) deu a investigação por concluída após mais de um ano de investigação.
O relatório dela, entregue em agosto, é neutro. Indica que tudo que há na investigação não lhe permitiu pedir o indiciamento de Melhem.
Isso é no mínimo incomum em denúncias como essa, e de tal repercussão.
De acordo com os últimos desdobramentos, depois desse relatório cabe à promotora do Ministério Público ( a 2ª no caso) enviar um sua “manifestação” à Justiça.
Na prática, ela pode pedir o arquivamento da ação ou que ela vire ação penal.
Se arquivar, não cabe recurso e ele pode iniciar a resposta com ações de denunciação caluniosa contra todas (2 a 8 anos de prisão mais multa).
A outra possibilidade é ele responder a uma ação penal.
Jura dizer a verdade…
Nesse caso, todas as testemunhas serão chamadas a depor sob juramento, e também terão de responder às perguntas dos advogados da parte rival.
Detalhe importante é que apenas autoridades mulheres estiveram à frente da investigação até agora: três delegadas, duas promotoras e uma juíza (a única que acompanhou tudo do começo ao fim).
Outro lado:
Desde o início do caso, os escritórios de defesa de Dani Calabresa e as demais sete mulheres que acusam Melhem tem informado que não comentam o caso por ele correr sob segredo de Justiça.
A Defesa está focada no que interessa: as investigações. “Nada justifica o assédio”, diz a Defesa das mulheres.
Se os escritórios que defendem Dani Calabresa e outras sete mulheres que o acusam de assédio sexual quiserem enviar um manifesto ou declaração, de qualquer tamanho, esta coluna publicará neste texto, que será atualizado.
Nome aos bois
A revista “Veja” também revelou pela primeira vez o nome de seis mulheres que acusam Melhem, sejam as auto intituladas “vítimas” ou testemunhas de acusação.
O site Ooops as tratava até agora apenas por números, para preservar a identidade de supostas vítimas e suas testemunhas.
Porém, como a “Veja” já os divulgou, detalhamos as principais envolvidas na peça de acusação feita pela advogada Mayra Cotta.
Nº Zero – Bárbara Duvivier
Roteirista e “marco zero” da denúncia. Bárbara foi amante de Melhem por sete anos, como este site Ooops mostrou ontem com exclusividade). É flagrada traindo pelo marido, graças a um descuido com o uso de Uber (ela esquece que ele recebe as notificações e recibos do app e então ele descobre o “affair” da mulher). Para escapar do flagrante, afirma que era assediada sexualmente pelo ex-diretor. Ela se casou em 2015, engravidou e então se desespera porque não sabe se o filho é do marido ou de Melhem (não era do ex-diretor). Há muitas mensagens dela para ele, inclusive uma pedindo para vê-lo com urgência, pois está saudosa. Essa mensagem é enviada quando ela está grávida.
Nº 1 – Dani Calabresa
Atriz se revoltou depois de ser tirada por Melhem de dois programas da Globo (“Fora de Hora” e o especial de fim de ano “A Gente Riu Assim”. Ela também o acusa de a ter impedido de fazer programas no canal GNT, o que é comprovadamente falso ou errado: quem a tirou desses projetos foi o departamento de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico, como provam e-mails publicados por este jornalista. Calabresa, na verdade, foi considerada antiética, porque aceitou o convite sem nem sequer falar com os chefes (Mauro Farias e Melhem) e tampouco com o DAA. Ela quebrou a hierarquia.
Nº 2 – Verônica Debom (foto no alto da página)
Ex-atriz da Globo, ex-namorada de Melhem e principal arquiteta do plano de acusação. Mentiu para a polícia ao acusá-lo de ter criado um grupo de whats para se gabar que os dois haviam transado. Em um dos depoimentos, chorou se dizendo arrasada e humilhada com isso. Como este jornalista publicou em junho, no UOL, mensagem registrada no whatsapp prova que o grupo foi criado por ela própria. É ela quem se gaba para a assistente do humor Daniela Ocampo de ter transado com o chefe. Na “piauí”, acusa Melhem de ter-lhe pedido um boquete dentro da emissora. Em depoimento, uma testemunha de alto escalão da Globo afirma que era o contrário, e que Verônica sempre brincava: “Preciso fazer um boquete no cara que me tirou da Record”. Em áudio publicado na “Veja”, ela diz a Melhem que está “apaixonada” e que levou “um pé na bunda”. Logo depois, começa seu plano de destruição do ex-namorado.
Nº 3 – Maria Clara Gueiros
Testemunha de acusação. Ex-atriz da Globo, madrasta de Barbara Duvivier. Aparentemente foi enganada pela enteada no caso do flagrante de adultério com Melhem. Acreditou. Não sabia que ela chegou a temer estar grávida dele, e não do marido.
Nº 4 – Débora Lamm
Uma das 8 acusadoras contra Melhem na polícia e MP. É a famosa “atriz que nem sequer sabe se é vítima”, como a “Veja” já havia publicado em setembro. Em depoimento não relata um único momento em que tenha sofrido assédio sexual. Perguntada se sofreu assédio dele, diz que não e chega a elogiá-lo para a delegada da Deam, dizendo que ele era gentil.
Nº 5 – Georgiana Góes
Outra das oito acusadoras. “Olha aí, quem veio em sonho hoje foi você, num abraço longo e quente, o jogo está virando? Te amo, parabéns por hoje”, escreveu em mensagem a Melhem na manhã do dia 8 de fevereiro de 2018, dia do aniversário dele. Em várias mensagens pede a ele ajuda para participar de projetos e apresentá-la a outros diretores. E ele a ajuda.
A melhor amiga que nada viu
A revista “Veja” também lança luz em outra personagem: Maíra Perazzo, melhor amiga de Calabresa, com quem vai na famigerada festa de 2017, citada pela “piauí”.
Na entrevista Calabresa acusa a humorista de ter forçado contato físico, lambido seu rosto e lhe mostrado o pênis.
Diz ainda que saiu chorando e traumatizada da festa. Maíra Perazzo, porém, afirma que foi dormir na casa de Calabresa e disse à polícia não lembrar de nada disso.
Mensagens trocadas entre Melhem e Calabresa, no dia seguinte à festa, ela diz se lembrar de “alguns beijos”. E lembra que ele também deu uma “ficada” com Perazzo (ela ficou com um câmera).
Semanas depois, Perazzo viajará ao Rio para dormir com ele.
Outro lado
Desde o início do caso, os escritórios de defesa de Dani Calabresa e outras sete mulheres têm se recusado a comentar o caso. Alegam que corre em segredo de Justiça.
“A Defesa está focada no que realmente importa: as investigações de assédio (…). Nada justifica o assédio.”
Caso a Defesa das supostas vítimas queira se manifestar este site publicará a nota e atualizará o texto.