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Religião: Uma Reflexão sobre o Natal e a Caridade

O ato de fazer caridade deve ser incondicional

Um dos poucos ensinamentos presentes em praticamente todas as religiões ocidentais, orientais e ancestrais é praticar caridade.

Judaísmo, Islamismo, Catolicismo, Espiritismo, Budismo, Ocultismo, Xamanismo, Protestantismo, Umbanda, Teosofia, Quarto Caminho… não conheci jamais uma religião que não ensinasse que a gente deve ajudar ao próximo –sempre que possível.

Aproveito esta época natalina, que é um período do ano em que as pessoas mais falam sobre os desfavorecidos, para fazer uma reflexão sobre caridade (e bondade).

O que é a caridade

Uma das definições de caridade no dicionário é “ato pelo qual se beneficia o próximo, especialmente os pobres e os desprotegidos”.

Embora seja considerada uma virtude, deveria ser uma obrigação sem contrapartidas, como a honestidade. Mas a humanidade não segue regras morais desde os tempos imemoriais.

Não existe caridade com a expectativa de receber algo do destino em troca
Não existe caridade com a expectativa de receber algo do destino em troca

Caridade é um ato que você NÃO PODE fazer esperando algo em troca, e sim de desprendimento integral.

“Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita”, diz (Mateus, 6: 1-18).

O que significa esse ensinamento bíblico? Que dar algo ao próximo tem de ser algo absolutamente incondicional. Não é a sua personalidade que faz isso, e sim seu espírito (ou índole, ou moral ou qualquer outra definição que queira dar).

Dar sem esperar nada em troca do Universo. Até porque você não vai ter mesmo.

O Destino

Uma vez fiz uma postagem no Twitter a respeito não do significado, mas da atitude de fazer caridade.

Fiquei impressionado não só com a imensa repercussão que o assunto teve, mas também com as centenas, milhares de opiniões das pessoas sobre esse tema que, para a maioria de nós, só aparece uma vez por ano.

Na minha reflexão “twiteriana”, observei que, seres microscópicos e insignificantes que somos, não há nada mais benéfico que possamos fazer para o Universo em nossa pequenez do que ajudar ao próximo.

Não existe barganha entre nossas atitudes e o Universo
Não existe barganha entre nossas atitudes e o Universo

Não espere nada

“Faça o Bem para Receber o Bem”, diz um velho ditado que parece evoluído e bonzinho, mas é 100% mercenário.

Me lembra as promessas de certos pastores adeptos do neopentecostalismo que inventaram, segundo vozes de suas cabeças, que se você der dinheiro para eles estará garantindo o seu também.

Que asneira.

Não, caro ser humano: você pode ser bondoso, caridoso, generoso, abnegado, dedicado a ajudar as pessoas, a “dar a própria camisa” aos amigos, aos bichinhos ou à natureza.

Tua vida pode ser rara, um exemplo do que todo mundo deveria ser.

No entanto, nada garante que você, ao ser assim, terá qualquer outro tipo de devolução aqui nesta Terra.

Uma pessoa boa pode ter uma morte humilhante ou dolorosa (em breve farei uma outra reflexão sobre a morte).

Quando não souber para quem agradecer ou orar, faça para a Terra, nossa Mãe
Quando não souber para quem agradecer ou orar, faça para a Terra, nossa Mãe

É isso!

É exatamente o fato de ter consciência de tudo isso, de saber sobre a garantia de qualquer compensação, e ainda assim fazer caridade, de ajudar ao próximo, que transforma esse ato terreno em divino. É a Consciência de Deus agindo dentro de cada um de nós.

É algo que nos faz um pouquinho maiores que humanos. É quando fazemos diferença para o todo, e não para o nosso patético ego.

Porém, não deve ser feita só para pessoas, e sim para todos os seres orgânicos, o que inclui nossa morada tão vilipendiada e esquecida chamada Terra.

Penso que devemos sempre que possível aos que cruzam nossa vida, embora isso seja impossível, dada a quantidade de pessoas em estado de pobreza ou abaixo dela.

Dentro do Brasil, existe um país de miseráveis (reprodução: Revista Fórum)
Dentro do Brasil, existe um país de miseráveis (reprodução: Revista Fórum)

Quando ajudar?

Quase sempre que converso sobre isso com as pessoas, muitas vezes ouço:

“Ah, mas por que você não dá dinheiro para uma ONG que cuida dessas pessoas, em vez de dar na rua?”

(Nota: quase todas as pessoas que falam isso para mim não ajudam a entidade nenhuma).

Além disso, mesmo com essas entidades maravilhosas ajudando aos desfavorecidos (quando isso deveria ser uma obrigação do Estado), ainda existirão milhões de miseráveis pelas ruas do Brasil, fora do alcance de ONGs ou de grupos de apoio.

Essas pessoas só podem depender de nós, seus semelhantes em melhores condições.

Se puder ajudá-los, ajude. Não precisa ser dinheiro. Qualquer coisa que possa ser útil a eles.

Outro “argumento” que ouço contra dar dinheiro aos moradores de rua é mais perverso e mesquinho:

“Ah, você tá dando dinheiro pra ele e agora ele vai comprar droga ou beber cachaça.”

Você, que pensa assim, ponha a mão na consciência por um minuto, e pense no que foi falado até aqui:

NÃO É DA NOSSA CONTA O QUE O PRÓXIMO FAZ UM ATO DE CARIDADE. O ATO TEM DE SER INCONDICIONAL!

O pobre homem esfarrapado foi comprar droga? A sem-teto foi comprar pinga?

Que o faça. Por acaso você tem condições de fazer algo além disso por essas pessoas? De lhes dar ao menos um alento ou paleativo para seu sofrimento? Ajude e vá em frente.

“Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita”

Lembre-se: O que a mão direita faz, não é da conta da esquerda
Lembre-se: O que a mão direita faz, não é da conta da esquerda

Em meus pensamentos às vezes me vêm: quem sabe se, quando essa pessoa usa essas substâncias, não sejam as únicas horas da vida em que ele esquece a dor de sua existência, de sua invisibilidade social, do desprezo do Estado e da maioria absoluta de quem está a sua volta?

E sempre lembro: não é da nossa conta o que ele ou ela farão com sua caridade.

Hoje é Natal, e nos últimos dias o assunto “caridade”, “amor ao próximo”, “bondade” despertaram na sociedade, como ocorre todos os anos.

Mas, tenho certeza que, a partir de amanhã, o assunto vai adormecer novamente até dezembro de 2023.

(Só no vídeo acima: O ensinamento dos xamãs sobre a caridade).

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