Quem serão os herdeiros da TV brasileira? Muita gente evita falar na morte, mas ela é a única certeza que existe para todos nós. Nem os ricos escaparão, não é? Inclusive os donos de TV.
A diferença é que, para a maioria de nós, mortais, essa passagem não causa nada. A gente morre, algumas pessoas ficam tristes, outras felizes, a maioria fica indiferente e o mundo continua a girar.
Porém, no caso dos grandes grupos de mídia (e de quaisquer outras empresas, mas aqui estamos falando dessas, especificamente), a morte de seus patriarcas ou fundadores provoca enormes efeitos colaterais.
São dezenas ou centenas de milhares de empregos diretos e indiretos que podem ser ameaçados com a “passagem” de uma única pessoa.
“Succession”
O assunto até tem uma série, “Succession” (HBO Max), que trata justamente de uma família midiática e suas encarniçadas disputas internas
Justamente para evitar uma guerra familiar, a maioria dos donos de TVs no Brasil já deixaram tudo encaminhado para que aconteça uma transição pacífica após suas partidas.
Seja a família Marinho, Silvio Santos, Edir Macedo, os Saad ou qualquer outro empresário ou grupo equilibrado, a morte de seus fundadores não impedirá que seu legado sobreviva ainda por muito tempo.
Do mundo nada se leva, diz o ditado. Mas se deixa muita coisa.
SBT
Nos últimos anos, vejo jornalistas evitando tocar (publicamente) no assunto “sucessão do SBT”.
A despeito, da idade avançada, De acordo com fontes ouvidas por este site no SBT, a saúde de Silvio Santos hoje ainda é assombrosa.
Ele cuida da alimentação, não bebe, não fuma, se exercita na medida do possível e seu cérebro de 92 anos funciona muito melhor que muita massa encefálica jovenzinha.
Tanto Silvio é sábio e realista que já preparou sua sucessão em todos os níveis: artístico, administrativo e do Grupo.
No artístico, como publiquei deste domingo, no UOL, a eleita é mesmo Patrícia Abravanel.
No administrativo, Silvio está tranquilo: tem a “geniozinho” da família, Renata, 42 anos.
Discreta, inteligentíssima, dona de um currículo acadêmico admirável, foi preparada especialmente para isso.
No controle da holding, e que Silvio tem um escudeiro de confiança: o executivo José Roberto Maciel, presidente do Grupo SS. Ele e Renata são os eleitos para tocar o barco “sbetista” para os mares do futuro.
RecordTV
Embora muita gente olhe apenas para a sucessão do SBT, este jornalista acredita que a da Record será muito mais complexa e com alguns percalços.
Do ponto de vista empresarial, Edir Macedo também já deixou tudo pronto: sua filha Cristiane vai acabar assumindo totalmente o controle do Grupo Record, ao lado do marido, Renato.
Aliás, ela já assumiu 100% do núcleo de Dramaturgia, por exemplo.
O legado espiritual de Macedo também já está definido: é seu genro, Renato Cardoso, um soldado da Universal (e hoje da Record) há décadas.
Como dito acima, além da herança religiosa, ele também herdará, ao lado da mulher, Cristiane, o comando da segunda maior emissora do país.
Renato, dentro da Universal, é considerado um “linha-dura”, implacável e às vezes ainda mais exigente que o sogro. Por isso mesmo, temido.
Na verdade, nem todo mundo numa empresa ou instituição se sente à vontade com chefes assim.
Porém, o genro de Edir Macedo tem uma característica que ninguém pode até o momento questionar: tanto na vida pessoal como a executiva, ele age e vive de acordo com o que prega: é honesto, incorruptível e dedicado à instituição.
Entretanto, não está tendo e nem terá uma missão fácil pela frente.
BandTV
Nos últimos anos, os Saad vêm resolvendo muitos de seus muitos problemas sanguíneos.
Entretanto, já há uma partilha definida entre os irmãos, mas ainda resistem outros problemas judiciais de solução bem mais complicada.
De qualquer forma, a Band hoje tem acionistas e parceiros estabelecidos, e um plano de sucessão sólido e pronto, onde ninguém mais insubstituível.
Apesar disso, há questões judiciais colaterais difíceis, que ainda devem perdurar por muitos anos.
Grupo Globo
O maior grupo de mídia do país é o que a gente menos tem para falar. O nível de profissionalismo estabelecido por décadas pela família já se mostrou desde que Roberto Marinho morreu, aos 94 anos, em 2003.
Para quem é chamada de “lixo” por extremistas, a Globo é como um avião que viaja em velocidade de cruzeiro, aconteça o que acontecer. Um exemplo corporativo não só para o Brasil, mas até para o mundo.
RedeTV
A emissora mais enigmática e complicada para se analisar ou mesmo fazer previsões.
Parece ser movida por seus dois sócios mais pelo interesse pessoal do que pelo empresarial.
Só que, ao contrário de seus primeiros anos, perdeu completamente sua linha editorial e sua identidade.
Tem um dos sócios (Marcelo de Carvalho) que parece se ocupar mais em atacar as Globo em redes sociais do que se preocupar com a programação (da qual faz parte).
O resultado de tanta indefinição já pode ser sentido há anos na dependência da venda de horários às igrejas e no ibope que, a cada ano, se torna mais residual.
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