A poetisa Emily Elizabeth Dickinson nasceu em 1830 nos EUA. Apesar de nascer em um continente diferente do tcheco Gustav Mahler, e três décadas antes, ambos tinham algo em comum: tinham certeza absoluta que seu trabalho seria reconhecido, só que não enquanto estivessem vivos.
De fato, somente quase 70 anos após a morte de Emily é que sua soberba e completa obra poética –sem alterações– chegou ao conhecimento do grande público. Mahler ao menos conseguiu reconhecimento em vida como maestro.
POETISA MODERNA E MORALISTA
Seria clichê dizer que a poetisa estava à frente de seu tempo. Estava à frente da própria poesia, que assim como outros ofícios também era reprimido pelo machismo e puritanismo hipócrita reinante nos EUA do século 19.
Emily era passional, mas moralista; tensa, mas doce; terminou os dias reclusa e amarga, mas isso só beneficiou a humanidade, a quem ela legou cerca de 1800 poemas, e merece estar no panteão das grandes poetisas de todos os tempos em língua inglesa, como Silvia Plath e Elizabeth Browning, entre outras.
CYNTHIA NIXON DESEQUILIBRA
Dito isso, o que impressiona o público em “Além das Palavras” (“A Quiet Passion”), em cartaz nos cinemas do país, é a cativante e profunda forma com que a atriz Cynthia Nixon vestiu a personagem principal.
Sua performance nesse longa é tão tocante, e ela está tão focada que faz o telespectador até esquecer –ou melhor, duvidar– que algum dia ela já interpretou outra personagem tensa, mas muito mais bobinha: a Miranda de “Sex And The City”.
Filme – Além das Palavras (A Quiet Passion)
Onde: Cinemas
Avaliação – Ótimo