Em suas quase 2h15, o filme “A Promessa” (The Promise, 2017, Espanha-EUA) fica numa corda bamba cinematográfica: não sabe se trata de uma das maiores barbáries da história –o genocídio de armênios na Turquia– ou se versa sobre um triângulo amoroso comezinho e até sem graça.
A história se passa durante a Primeira Guerra, em 1914, quando o governo turco decide expurgar os “infames armênios” do país.
Na verdade, todas as sequências relacionadas ao massacre (estimado em 1,5 milhão de pessoas e até hoje não reconhecido pela Turquia) remetem a filmes rodados sobre o Holocausto Judeu, que só seria deflagrado ostensivamente cerca de 20 anos depois na Alemanha.
A verdade é que há muito menos imagens históricas do genocídio armênio do que do Holocausto judeu.
FILME REMETE AO HOLOCAUSTO JUDEU
Há uma cena que, por exemplo, remete diretamente à trágica Noite dos Cristais, ocorrida contra judeus em 9 de novembro de 1938 simultaneamente na Alemanha e na Áustria.
Em outra cena, vagões de trem cheios de prisioneiros famintos e sedentos, todos rumo à morte, remetem também aos terríveis comboios da Segunda Guerra rumo ao campo de massacre de Auschwitz.
Enquanto a barbárie grassa pelo Império Otomano, porém, os protagonistas Christian Bale (em ótima atuação) e Oscar Isaac (em boa atuação também) disputam o amor da mocinha armênia Ana, interpretada pela bela e um tanto inodora Charlotte Le Bon.
Esse é o problema: o filme parece estacionar numa fronteira amorfa: de um lado uma profunda tragédia mal explicada, do outro uma teia de paixões e traições humanas e comuns.
Caso queira saber mais sobre o genocídio armênio, e por meio do cinema, a sugestão da coluna é que você assista ao filme “Ararat”, de 2002. Que também não é lá grande coisa como cinema, é bom acrescentar, mas abre mais espaço e termos àqueles tempos bárbaros até hoje não reconhecidos por quem o perpretou.
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Veja o trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=a6uoLSpv4IA