A herança maldita d Roberto Marinho, Boni & Clark deixaram para a TV Globo estão chegando ao fim.
Roberto Marinho (1904-2003) montou um império a partir dos anos 60, com ajuda governamental.
Já José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, 88, e Walter Clark (1936-1997) foram os “engenheiros” de Marinho.
Clark mal aproveitou o que criou, já que caiu em desgraça com Marinho e deixou a TV em 1977.
Os “milicos”
Em todo caso, Boni & Clark são os criadores-implantadores de uma “linha editorial” bilionária na Globo, com gastos imensos e, repito, graças à ajuda do governo militar.
Nas redes sociais, costumam acusar a “Folha” de ter apoiado a ditadura.
Na verdade, o jornal n0em chegou perto do que a Globo de Roberto Marinho apoiou, uma vez que o grupo recebeu apoio militar de todas as formas: inclusive o financeiro.
Foi graças a ele que a emissora se tornou a maior rede do país: graças ao apoio da Embratel.
O legado
O legado de Marinho, Boni e Clark está na posição que a Globo ainda mantém na mídia brasileira, após quase 60 anos da implantação do chamado “Padrão Globo de Qualidade” (veja mais abaixo).
A naldição é que esse legado só foi conseguido com bajulação a governos e apoio técnico e de infra-estrutura. A Globo jamais seria o que é sem os militares.
A Globo ainda é a segunda maior rede de TV do mundo, só atrás da ABC.
Sua rede alcança quase 99% do território brasileiro. Seu faturamento passa de R$ 15 bilhões.
A herança maldita
A maldição só apareceu nos últimos sete anos, quando o Grupo Globo foi obrigado a enxugar tudo que o manteve como o maior grupo de mídia do Brasil de todos os tempos.
Quem está recebendo essa “herança” são os milhares de funcionários que estão sendo demitidos há sete anos. Fala-se em 4.000, ou até 5.000.
Novos tempos
Toda a base “editorial” da Globo, iniciada na década de 60, começou a ruir após exatos 60 anos.
Artistas com contratos de exclusividade ganhando horrores; compra de direitos de exibição de programas que não eram nem sequer exibidos –apenas para que os outros canais não os comprassem;
Os melhores filmes, os melhores novelistas, praticamente a única produtora de cinema nacional;
O sufocamento da concorrência com o monopólio do esporte e da dramaturgia; salários altíssimos para os considerados melhores profissionais do mercado…
Tudo isso está acabando.
Não é mais a mesma
Hoje a Globo está na posição de que artistas recusam seus convites para novelas, quem diria?
Jornalistas preferem se demitir e abrir seus próprios canais no Youtube.
E os cortes não param. Não existem mais “medalhões” na Globo exceto, talvez, Galvão Bueno.
No fim das contas, as demissões e os cortes hoje são reflexo do período de opulência e concorrência desleal que Boni e Walter Clark implantaram lá atrás.
O chamado “Padrão Globo de Qualidade”, conjunto de regras gráficas, sonoras e IDEOLÓGICAS, que fizeram a Globo gigante, hoje parece não existir.
Esse padrão surgiu em meados dos anos 60, após um acordo que a Globo fez com o grupo norte-americano Time-Life.
O embrião começa com a contratação de Walter Clark, que por sua vez traria Boni para ser seu braço direito.
O nome “Boni & Clark” era uma referência jocosa ao casal de criminosos “Bonnie & Clide”, que aterrorizou os EUA na década de 30.
Boni & Clark aterrorizaram a mídia a partir dos anos 70.
A Globo ainda é líder, sim, e o será por muito tempo. Mas conseguiu ser odiada, ignorada e refutada por milhões de brasileiros.
Algo impensável até anos atrás.
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