Advogado Kakay perdeu calma no caso Melhem. É o que mostra o comunicado enviado ontem por ele à coluaa de Lauro Jardim, em O Globo.
Lauro publicou que Antonio Carlos de Almeida Castro , o Kakay, fora condenado pelo tribunal de ética da OAB por ter ofendido a honra dos advogados de Marcius Melhem.
Ele foi censurado e teve a censura convertida em advertência.
Eis a carta que ele envia ao colunista de O Globo:
A carta de Kakay
“No processo em que são investigadas gravíssimas violações contra a liberdade sexual de diversas mulheres, os advogados do ex-diretor de uma grande emissora optaram por atacar a dignidade das vítimas, o que é reconhecidamente uma forma de revitimização, dentro de uma lógica machista e misógina, bem como atacaram até mesmo a advogada das ofendidas.
Para constrangê-la, chegaram a fazer uma representação na OAB. Ora, basta ler a petição dos ofensores.
O teor machista salta aos olhos, agride a alma e o compromisso civilizatório democrático e igualitário.
Perdeu a calma
Até para proteger a integridade profissional da excelente advogada que representa as atrizes e funcionárias ultrajadas, a qual foi covarde e injustamente ofendida, meu escritório assumiu, com muita honra, a advocacia de algumas vítimas.
Respondemos à altura, conforme nosso dever e nossas convicções nos impõem.
Em processos de tal jaez, a defesa deve ser sempre dura e vigorosa, embora respeitosa.
Em 40 anos de advocacia, jamais me intimidei. Enfrentei todos os abusos. A prepotência de parte do sistema de justiça. O árbitro da Lava Jato e sua covardia.
Prepotência alheia
E agora enfrento a prepotência de uma advocacia que eu julgava fora do mundo democrático.
Não responderei aos meus colegas da OAB do Rio que me condenaram, por respeito à classe, e me nego a responder aos advogados que me representaram, por absoluto desprezo, assim como às matérias ingênuas de imprensa plantadas pelos representantes.
Sou só advogado. E penso representar a classe. Isso está refletido nas centenas de vezes que sou chamado a falar em nome da advocacia.
Inclusive na recente XII Conferência Estadual da Advocacia, promovida pela OAB/RJ, oportunidade em que discursei para mais de 3000 advogados, com muita honra.
Não me manifestarei sobre o representante, em homenagem ao sobrenome que ele ostenta. A advocacia tem esses ritos e critérios, que sigo por amor a tudo que acredito.
É que lá e cá, a desonra mancha a trajetória, mas não a tradição. Então, apenas lamento. Honradez, seriedade e caráter não são hereditários.
“Mayra Cotta saiu maior”
Quanto ao caso, a advogada atacada se saiu maior, amplamente apoiada por inúmeras entidades fortes e representativas das mulheres e das mulheres advogadas em vigorosas notas e manifestações contra os agressores.
Parece claro onde está a razão. Confio no Conselho Seccional da Ordem.”)
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