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Análise: O fim da TV paga como a conhecemos

TV paga está perto do Fim do modelo atual

Em um ano, a TV paga perdeu mais 12% de seu público.

O número de assinantes caiu quase que pela metade em pouco mais de 8 anos.

Dados de audiência mostram que os canais pagos perderam 12% de participação no universo de aparelhos ligados, na comparação com os 12 meses anteriores (julho 2023 / julho 2022).

Já o streaming cresceu 9% no mesmo período.

Acabou em maio o canal Shoptime na TV por assinatura. É talvez a mais icônica TV de vendas da história da mídia brasileira.

Ele nasceu com a própria TV a cabo no país. Agora só vai existir no Youtube.

De certa forma, isso mostra como a TV por assinatura vai sendo esvaziada de conteúdo cada vez mais.

Estima-se que mais de 100 pessoas possam ter perdido o emprego.

Da TV para o YouTube

No Youtube, o Shoptime tem cerca de 500 mil inscritos. Vídeos com produtos à venda têm de 2.000 a 10 mil views.

Parece pouco, mas a TV paga não deveria oferecer muito mais que isso.

Com uma grande diferença: no Youtube o custo é infinitamente menor que o de uma emissora.

Canal fofo

Por cerca de 28 anos, vendedores e vendedoras simpáticas apareciam no canal 24 horas por dia com os mais diversos produtos.

Compre! Esse era o bordão “mágico” de Ciro Bottini que fazia consumidores (como a mãe deste jornalista) gastarem em produtos que, muitas vezes, nem precisavam.

Aparelhos de videocassete, DVDs, jogos de cama, faqueiros, toalhas, tênis, óculos; panelas Air Fryer… não havia um produto que não pudesse ser adquirido.

No início era preciso ligar para uma central de atendimento. Até a primeira metade dos anos 2000 a internet ainda andava trôpega. 

O fim do canal segue a esteira decadente do comércio varejista no Brasil.

Depois de anos de “exuberância irracional”, nos últimos dois anos o setor das lojas de varejo começou a afundar.

Magalute

O primeiro sinal de que algo no varejo estava muito errado veio com o desabamento do valor das ações da Magalu.

Em novembro de 2020, em plena pandemia, a ação da empresa da família Trajano chegou a valer quase R$ 30. Hoje vale mais ou menos R$ 4.

No ano passado, quem afundou foi a Lojas Americanas, dona do canal (e site) Shoptime. Um rombo “desconhecido” de mais de R$ 40 bilhões selou o destino do comércio varejista diante de uma nova realidade.

E essa realidade foi dolorosa. Principalmente para os acionistas pequenos.

O fim do canal 

Impossível falar em Shoptime sem falar nele. O homem, a lenda, o mito das vendas: Ciro Bottini.

Considerado o maior vendedor do Brasil, ele  falou com exclusividade a este site sobre o canal que o lançou à fama. 

“Shoptime foi um divisor de águas na minha carreira, como comunicador e vendedor. Ter iniciado minha carreira no Shoptime me abriu portas. TV paga estava começando, era tudo novo.”

“Fiquei lá mais de 25 anos, acertei, errei, me reinventei, sempre tive liberdade de expressão.”

O fim da TV paga

A saída do Shoptime tem um outro indicador: mostra mais uma vez como a TV por assinatura no Brasil e no mundo não terá futuro muito longo se não mudar.

Embora ainda haja um públio grande que a consome (por volta de 35 milhões de pessoas no Brasil, esse número no passado já passou de 70 milhões.

Sim, ainda há quem goste de TV linear, mas esse público já está envelhevenco.

Provavelmente a TV paga hoje deverá se agregar ao streaming, quem sabe, e manter sua linearidade nessas plataformas.

Afinal, hábito é tudo.

Veja mais sobre Bottini e o caso Shoptime no canal de Ricardo Feltrin no Youtube.

Shoptime já era
Shoptime já era