Uma nova personagem está entrando na “novela” da denúncia de assédio sexual contra Marcius Melhem.
Essa atriz tem 37 anos e trabalhou em programas da dramaturgia comum e no núcleo de humor da Globo.
Sua participação começa no “compliance” da Globo em fevereiro de 2020. E no ano passado, continuou no MPT (Ministério Público do Trabalho).
Globo investigada
Como a colunista Mônica Bergamo, da Folha, publicou meses atrás, a Globo está sendo alvo de investigação pelo MPT por suspeita de “omissão” em casos de assédio moral dentro da emissora. A emissora não se manifesta sobre esses assunto.
A atriz acima foi depor lá. Melhem não é alvo da investigação no MPT. Só a Globo.
Não se sabe o teor de seu depoimento, mas, por ser da alçada do MPT, se refere a assédio moral. MPT investiga assédio moral. Polícia investiga assédio sexual
Do MPT para a Deam
Pois bem, agora ela teria sido convencida pelas acusadoras a depor na Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher), e para acusá-lo de assédio sexual. Isso ainda não ocorreu.
Seu nome por ora será preservado, pois ela ainda não integra o caso.
Ela e uma ex-diretora da Globo foram convocadas a pedido da defesa de Calabresa e as outras 7 mulheres que acusam Melhem de assédio sexual.
Para contextualizar
No final do ano passado os advogados das supostas vítimas pediram ao Ministério Público que essa atriz (e a ex-diretora) depusesse como testemunha de acusação.
Foi esse pedido que impediu a conclusão do inquérito policial no ano passado, como este site publicou com exclusividade.
A então delegada (3ª do caso; já estamos na 4ª) já havia feito seu relatório sem indiciar Melhem.
Como o pedido foi acatado (pela 2ª promotora do caso, já estamos na 3ª), a investigação segue aberta e já dura um ano e oito meses.
Não quis ser “vítima”
Como dito acima, a participação dessa nova personagem no caso começa quando ela foi ao “compliance” da Globo acusá-lo, em fevereiro de 2020.
Ela o fez logo após Calabresa e Verônica Debom o denunciarem na Globo (saiba mais no final do texto).
Só que, quando o caso saiu do “compliance”, e chegou à polícia, a atriz muda de comportamento de forma radical.
Ela concordou em denunciar Melhem na Globo com as amigas, mas não aceita engrossar a “lista das 8 acusadoras”.
Ela se recusou até a testemunhar a favor das colegas na polícia.
Por quê será?
Senta que lá vem história
O site apurou que o motivo provável é que ela e Melhem tiveram beijos relâmpagos (consensuais) por volta de 2015.
Só que, quando isso ocorreu, essa atriz já era noiva. Mas, foram uns beijos e nada mais. Coisa rápida.
A questão é que, para uma mulher sob assédio de um indivíduo, assim como outras neste caso, chega a ser chocante a quantidade e o conteúdo carinhoso de mensagens que ela segue mandando a Melhem, inclusive bem depois de casada.
Lá vem o Zé Mayer
Curiosidade do caso: quando o caso Zé Mayer explodiu, em 31 de março de 2017, essa atriz faz um post emotivo no Instagram.
Ali, corrobora a denúncia da figurinista (Su Tonani) e afirma saber o que a colega passou. O post ainda está lá.
Publica que, por várias vezes, saiu da Globo chorando, pois também fora vítima de assédio.
O raciocínio do cidadão comum é: ‘Ora, é porque ela estava falando do Melhem’, certo?
Bom, o fato é que dias depois do post ela volta a mandar mensagens carinhosas para Melhem, dizendo estar saudosa.
El, detalhe, ele nunca a procura. É ela quem faz isso sempre.
O adeus ao “querido”
Sua última mensagem a Marcius Melhem foi enviada em 9 de fevereiro de 2019, quando ele faz aniversário.
“Parabéns, que seu ano seja maravilhoso”, escreveu.
Não foi seria nada maravilhoso.
O annus horribilis
No final daquele ano, em outubro de 2019, ele seria acusado inicialmente por Calabresa de assédio moral no DAA (Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico).
Ela fez a denúncias dias após saber que havia sido cortada do segundo programa naquele ano, como este jornalista publicou no UOL.
O DAA envia seu relatório ao “compliance” da Globo, e recomenda o arquivamento da denúncia.
Revoltadas, atrizes amigas pressionam Calabresa a passar por cima do DAA e ir direto ao “compliance” acusá-lo de assédio sexual também.
Calabresa faz isso. Em janeiro, passa a acusá-lo também de assédio sexual.
As amigas de Calabresa também vão ao departamento e exigem que o caso não seja arquivado e que Melhem seja demitido.
Conseguem as duas coisas.
Cerca de um ano depois, o “compliance” da TV Globo irá arquivar o caso, novamente e internamente, de forma definitiva.
Rolo compressor na Globo
A partir de janeiro de 2020 começa uma “blitz” das 8 acusadoras e suas amigas dentro da Globo.
Vão da tentativa de convencimento até a intimidação a outras funcionárias, exigindo que elas também o acusassem Melhem de assédio sexual.
Só que ninguém de fora da “turma” dessas atrizes aceita.
Algumas das funcionárias se sentem tão assustadas que vão ao “compliance” também para denunciar pessoas como Verônica Debom de “intimidação”.
A volta da que não foi
Então voltamos à atriz que ilustra este texto.
Em fevereiro de 2020, ela aceita ir ao “compliance” da Globo para acusar Melhem de assédio também.
Só que quando o caso vira caso de polícia, ela tira o corpo fora.
Provavelmente, se recusa a integrar o grupo de acusadoras porque sabe quantas mensagens trocou com ele, e que elas mostram relação de proximidade e carinho (além de muitos pedidos de trabalho).
Feliz Ano Velho
Um ano depois de desejar a Melhem “um ano maravilhoso”, em fevereiro de 2020 ela reaparece na Globo para acusá-lo.
Declara ter sido molestada, e que ainda sofria por tudo que passou; que fora alvo de perseguição por parte dele etc.
A Globo, aparentemente como fez e está fazendo com outras acusadoras, parece querer trégua e lhe dá um papel numa novela.
Quando a novela acaba, ela é dispensada de novo.
Agora, está sendo convidada a ser protagonista de outra trama.
Só que desta vez no mundo real.
Outro lados
Desde o início do caso, as defesas das acusadoras e do acusado divulgam notas que afirmam que as partes não vão se pronunciar sobre o caso.
Veja outras reportagens deste caso no Canal de Ricardo Feltrin no YouTube
