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Crítica: Filme “The Post” navega em história real de coragem e covardia

Há muitos filmes que retratam muito bem o jornalismo e os jornalistas. “The Post – A Guerra Secreta”, que entrou hoje (25) em cartaz, certamente merece um lugar nesse panteão.

De cabeça lembro de alguns clássicos “jornalísticos” que vi, como “A Montanha dos Sete Abutres”, “Profissão Repórter” (Antonioni), “Todos os Homens do Presidente”, “Boa Noite, Boa Sorte”,  e, mais recentemente, “Conspiração e Poder” e “Spotlight”.

RESUMINDO

Vamos ao “briefing”, como se diria numa redação:

“The Post – A Guerra Secreta” se passa no início dos anos 70, um pouco antes de estourar o escândalo Watergate que acabou por derrubar Richard Nixon da Presidência dos EUA.

Um cidadão chamado Daniel Ellsberg (hoje com 86 anos), ex-analista militar e ex-funcionário do Pentágono, acaba tendo acesso a milhares de páginas de um estudo que mostrava por A + B que os EUA não tinham como ganhar a Guerra do Vietnã.

Ellsberg é o Edward Snowden do século passado.

O estudo em questão foi encomendado por Robert McNamara, grosso modo uma espécie de general Golbery sem patente, que foi secretário de Governo em dois governos dos EUA (há um fabuloso documentário sobre esse senhor, chamado “Razões Para a Guerra”).

Resumindo: parte desses papéis cai primeiro na mão do “NY Times”, mas Nixon vai com os dois pés no peito do jornal, proibindo judicialmente a continuidade da publicação desses papéis. O “Times” acata a decisão

Mas os documentos caem também nas mãos do “WP”, que finge ser surdo, entra na briga e começa a publicar os documentos também..

EMPODERAMENTO

Aqui neste ponto vale dizer que Steven Spielberg optou em contar essa história mais por parte de Katherine Graham, a dona do “WP” que assume o jornal devido a uma fatalidade.

O filme de Spielberg surfa um pouco na atual onda-clichê do “empoderamento feminino”, portanto.

Interpretada por Meryl Streep, a personagem é insegura, pois está num meio machista e, como eu disse, estava naquele posto devido ao destino. Nunca foi o que ela quis para si.  

Além disso Kay (como é carinhosamente chamada por Ben Bradlee, interpretado por Tom Hanks) é torpedeada por parte do “board” do jornal. Motivo: eles acabam de lançar ações na Bolsa de Valores.

Isso sem falar na covardia pura e simples de alguns de seus auxiliares, ansiosos para não arrumar nenhuma briguinha com os poderosos.

Nessa turmo o destaque vai para a atuação de Bradley Witfhord (o inesquecível Josh Lyman do fabuloso seriado dramático “The West Wing”).

Kay enfrenta os demônios sociais e corporativos e também a Nixon.

Bom, o resultado todo mundo sabe e história real não tem “spoiler”: os jornais são os mocinhos e vencem. Nixon, o vilão, perde, mas não enfia o rabo no meio das pernas. Ao contrário: declara uma guerra eterna contra o “WP”.

Perderá ainda mais meses depois quando o “WP” descobrir antes de toda a concorrência o escândalo de Watergate.

Geralmente, eu costumo desaconselhar aos leitores que desconhecem uma história, contada no cinema, que leiam sobre ela.

Isso garante um mínimo de surpresa com o que o cinema tem para contar.

Nesse caso, porém, o meu conselho é outro:

Digite “Papéis do Pentágono” no Google e dê uma boa lida para saber exatamente do que se trata, já que o filme não perde tempo algum recontando a história ou sendo didático.

O quê: “The Post: A Guerra Secreta”

Onde: Em cartaz nos cinemas

Avaliação: Muito Bom ???

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Veja o trailer de “The Post: A Guerra Secreta”