Editorial – Globo, a TV que manipula o telespectador e só pensa em si mesma, e não no país; é só olhar o que ela vem fazendo desde janeiro de 2022.
Assim que Lula subiu a rampa do Planalto, a emissora da família Marinho voltou a ser, grosso modo, o que foi nos anos da ditadura.
Subserviente e interesseira; reptícia e deformadora da notícia; bajuladora e incapaz de pensar em sua função social.
A TV Globo, sua “retransmissora” fracassada no streaming, o Globo Play, e seu apêndice (está mais para vesícula) Globonews, se tornaram uma vergonha para o jornalismo e mesmo para a democracia.
Viraram um aparelho do governo, uma assessoria de imprensa, um departamento de Relações Públicas. São os lobistas da Globo na mídia brasileira.
Claro que nada é de graça. Estão nessa pelo dinheiro.
Se o governo anterior não tivesse sofrido uma pandemia, e se o então presidente gostasse da Globo e lhe desse os bilhões em publicidade que sempre tiveram, cacarejariam de bico aberto também para Bolsonaro.
A Globo não tem ideologia. Não tem vergonha. Transmutou-se numa pessoa jurídica sem um traço de caráter.
TV que manipula
As edições de sexta e sábado do “Jornal Nacional” estarão na história do opróbrio da emissora, assim como a deplorável manipulação do famoso debate entre Collor e Lula. em 1989.
Foi um espetáculo deplorável, e me senti enojado diante da degradação que esse telejornal chegou.
A edição de sexta-feira (30) pintou um Brasil que só existe na cabeça da família Marinho e do William Bonner, o editor-chefe do “JN”.
“Pleno emprego”
Segundo eles, o Brasil é hoje um país em que o desemprego caiu tanto que agora o maior problema é “otimizar a produção”.
Por quê? Ora, porque como estamos entrando na era do “pleno emprego”, o consumo Interno (!) vai disparar e é preciso suprir essa demanda com urgência.
Afinal, está ocorrendo uma corrida aos supermercados, aos açougues, às concessionárias de carro; a riqueza finalmente chegou.
Perguntem se o telejornal da Globo falou que tipo de “emprego” está sendo criado aos milhões no Brasil. A TV da família Marinho, pelo menos, tem colaborado bastante com o desemprego nos últimos sete anos.
Salário máximo
Prova do momento glorioso que o Brasil atravessa é que o governo anunciou que, no ano que vem aí, o salário mínimo subirá para incríveis R$ 1.509,00. Cerca de 280 dólares.
E a média salarial do Brasil é de R$ 3.222,00. Cerca de 570 dólares.
Patético. Em vez de correr para o comércio, o trabalhador brasileiro vai acabar correndo para as montanhas, como diria o pessoal do canal Galeria do Meteorito.
Pelo menos lá poderíamos viver em paz com a natureza e com relativa dignidade em cavernas e fendas. E longe dos autoritários.
Mas continuemos com a Globo e seu jornal ufanista –igualzinho ao que eu assistia nos anos 70, quando Roberto Marinho lambia a bota dos militares com sofreguidão.
Fogo artificial
Pena que três coisas atrapalharam a edição mil maravilhas do “JN” na sexta:
1 – A tragédia do desabamento de uma igreja no Recife, que matou 2 e feriu mais de 20 pessoas;
2 – as queimadas que estão ardendo descontroladamente país adentro;
3 – a disparada do dólar.
A igreja teve a cobertura arroz com feijão de sempre que a emissora faz nas tragédias. Nenhuma novidade, tudo já estava na internet.
Queimadas, pero no mucho
No caso das queimadas, o “JN” deu um jeitinho de “esfriar” o assunto:
Na hora de falar do fogo, Bonner colocou no fundo do cenário um “Chroma Key” com um foguinho mais mambembe que as animações nos tempos da internet discada.
As imagens do fogo mesmo também pareceram ter sido escolhidas a dedo: nada de labaredas que sabemos que estão lá, e sim fogo rasteiro.
É como uma mensagem subliminar de que aquilo não é tão grave quanto parece.
A propósito, ainda estamos esperando os 30 artistas gravarem um novo clipe “Salve a Amazônia”, como fizeram durante as queimadas de setembro de 2021.
Ou a destruição da floresta também tem ideologia?
O dólar
Quanto ao dólar, sobrou para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, arqui-inimigo de Lula, dar as explicações sobre a disparada da moeda e o motivo de ter despejado US$ 1,5 bilhão no mercado para segurar a moeda.
No que fracassou miseravelmente.
O X da questão
Finalmente, após quase 40 minutos do Brasil dos sonhos, o “JN” finalmente falou sobre o banimento do X do Brasil, outro fato que já está nos anais (sic) da história.
Elon Musk não é nenhum defensor da liberdade de expressão, convenhamos.
Caso contrário, não estaria sempre na China bajulando aquele regime ditatorial –presente no Brasil com a necessária tecnologia 5G e com o autoritário e agressivo Tik Tok, plataforma mais ditatorial da internet..
Musk é um capitalista, não um mecenas. São inegáveis suas contribuições para a humanidade, mas ele não está acima da lei.
Musk, o tirano
Nos mais de 20 minutos de reportagem, o “JN” repisou a todo momento que o “X descumpriu a lei que obriga plataformas / companhias internacionais a ter um escritório de representação no Brasil.
Por favor: poderiam informar onde ficam os escritórios do XVideos, Youporn e Redtube na Faria Lima?
Porque afinal de contas são empresas duplamente ilegais: sem representantes no Brasil e fornecedoras de milhões de conteúdos piratas.
Os “juristas” (sic) ouvidos pelo “JN” eram todos apoiadores de Alexandre de Moraes. Não houve nem sequer um contraditório.
Sobre o bloqueio de contas da Starlink –que nada tem a ver com o X– Bonner estava visivelmente tendo prazer.
Vivemos já num Gulag
As pessoas têm atacado os desmandos do ministro Alexandre de Moraes e do STF desde 2021.
Com todo direito, é assustador o que está acontecendo. Não só com a população comum, mas até como os advogados têm sido tratados dentro do STF.
O Brasil se está se tornou um imenso “gulag”, em que tiranos fazem o que bem entendem com prisioneiros, que são todos aqueles que ousam não apoiar o autoritarismo.
Queremos que a lei seja cumprida por todos, inclusive o Supremo e seus ministros. e não apenas Elon Musk.
Mas isso está cada vez mais distante dos brasileiros.
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