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Exclusivo: O dia em que o PCC fez a TV Globo tremer

Em 2011, PCC ameaçou derrubar Globocop e matar ocupantes

A história que contaremos a seguir é assustadora e inédita. Começou no final de junho de 2011 e causou temor dentro do Jornalismo da TV Globo por semanas.

O site Ooops hoje conta essa história inédita do dia em que uma organização criminosa, fez o helicóptero da maior emissora do país, ficar no chão. Por Ricardo Feltrin.

Primeiro de vários e-mails

Cronologia

Em 28 de junho de 2011, uma mulher telefonou para o repórter César Galvão, da Globo.

Ela dizia ter informações de que o crime organizado em São Paulo (PCC) queria realizar um atentado e derrubar o Globocop, helicóptero do departamento de Jornalismo da Globo.

Assista a essa história em vídeo

No entanto, como o repórter estava em apuração fora da emissora, e foi uma estagiária da Globo quem anotou o recado (e depois tem gente que ironiza os estagiários ? ):

“Ligou desse telefone público (11) 3119-0035 (…) Disse que tem documentos que comprovam que o crime organizado planeja um atentado contra o COP da TV Globo. Seu marido é da República da Nigéria e , ele tem contato com o crime organizado (…) Também tem contato com o gabinete do (então vereador paulistano Agnaldo) Timóteo. Aguardou na entrada da Câmara (Municipal de SP) até as 18h de ontem. Disse que poderia ser encontrada no seguinte endereço: Rua Augusta, 869, apt 104.”

A estagiária

Foi assim, com uma jovem estagiária, que começou um dos momentos mais tensos já vividos dentro da TV Globo em sua história.

O recado da estagiária chegou ao repórter no dia seguinte.

Vale lembrar que a Globo recebe esse tipo de ameaça constantemente, e que 99,999% das vezes não passa de trote. Porém, esse caso fazia parte do 0,0001%.

Então começa uma mobilização frenética que envolveu toda a direção da emissora, a polícia e a Secretaria da Segurança Pública.

Pânico

No início da tarde do dia seguinte (29), diretores da Globo já já estão a par da história e repórter da casa já estavam tentando apurar e checando as informações preliminarmente.

Naquele dia, toda a direção de Jornalismo já estava mobilizada e em reunião permanente.

O caso devia realmente ser levado a sério.

Começa uma troca frenética de e-mails (contidos nesta reportagem). O diretor de Jornalismo da Globo (Ali Kamel) comanda o caso.

Mas, surge a questão: não devem causar terror na redação, já que a denúncia ainda não passa de especulação.

Mas, isso era impossível para os repórteres, câmeras e pilotos que faziam a cobertura do dia a dia em São Paulo dentro do helicóptero.

Coletes e blindagem

O desespero toma conta dos envolvidos, porque a Globo já sofreu esse tipo de ameaça no Rio. “Seria possível proteger o assoalho do COP ou mesmo os assentos com nossos coletes à prova de bala? Já fizemos isso no Rio”, pergunta um integrante do comitê de crise a Tom Flórido, então diretor de Patrimônio da Globo.

Ali Kamel, diretor de Jornalismo, tenta contornar e impedir o pânico de se alastrar:

“Até que o Tom dê o ok, não vamos voar. Não diremos às equipes o motivo verdadeiro. Diremos que é manutenção. Depois, sim. Quando liberados, vamos dizer que investigamos tudo e era trote. E que não voamos antes de investigar. Ganharemos em credibilidade, ok?”

Outro envolvido pede que a apuração seja feita com rapidez para que os repórteres sejam avisados logo (“do contrário, vão se sentir traídos”)

Desfecho

Segundo o site Ooops apurou, as equipes da Secretaria de Estado de Segurança Pública , então sob o comando de Antônio Ferreira Pinto, acabaram confirmando que havia, sim, um plano do PCC para retaliar a Globo.

Antônio Ferreira Pinto, ex-secretário de Segurança de São Paulo

Mas, tudo indicava que ainda estava na fase de planejamento.

Porém, ao contrário do tráfico do Rio, naquele momento o PCC não teria armamento de calibre para derrubar um helicóptero –exceto se voasse em baixa altitude.

Os cabeças do PCC

Mais tarde, a polícia descobriu que os planejadores do atentado contra o helicóptero da Globo eram do mesmo grupo de “cabeças” que iniciou os famosos ataques do PCC que paralisaram São Paulo em 2006.

A ideia era iniciar uma nova onda de ataques em “grande estilo”.

Naquele mês e no seguinte (julho), em 2011, a polícia paulista fez uma série de prisões dos envolvidos nos ataques do PCC.

A Globo cobriu tudo. Inclusive com o Globocop.