O grupo ativista Sleeping Giants foi derrotado em uma ação que movia contra o Google e outras “Big Techs”.
O grupo passou a ser conhecido nos Estados Unidos, quando começou a lutar contra canais de Youtube e perfis em outras redes sociais que divulgavam ou incentivavam o ódio, a desinformação e as fakenews.
Como o grupo atua
O grupo foca e ataca a chamada “mídia programática”: são propagandas de empresas que aparecem nos canais que têm mais alcance e engajamento.
Entretanto, as empresas não sabem com quem estão anunciando, apenas que suas marcas aparecem nesses canais.
Quanto mais marcas aparecem num canal, mais esse canal é remunerado pelo Google ou Facebook, por exemplo.
Mexe no bolso dos canais
O Sleeping Giants (“Gigantes Adormecidos”, numa tradução livre) passa a divulgar publicamente o nome das empresas que aparecem nesses canais.
Consequentemente, feita a divulgação, há uma repercussão de consumidores que pedem à empresa para não gastar seu dinheiro nesses. Isso quase sempre acontece.
Com isso, o canal perde dinheiro e muitos chegam a fechar. Ou seja, o grupo ativista mexe diretamente no bolso dos propagadores de “fake news” ou incitadores de ódio.
JP foi alvo do grupo
Por exemplo, isso foi feito na última eleição nos EUA, contra canais pró-Donald Trump, e também no Brasil na última eleição, contra canais bolsonaristas.
No Brasil, por exemplo, a Jovem Pan foi “vítima” do Sleeping Giants no ano passado, e perdeu quase R$ 800 mil.
O Grupo Pan está processando o Sleeping Giants, que ganhou uma versão brasileira em 2022.
O processo
Pois bem, este ano o Sleeping Giants moveu uma ação contra o Google e outras “Big Techs” (as “gigantes da tecnologia, como Facebook, Twitter etc).
Emtão o grupo acusou essas empresas de “adotar práticas abusivas e ilícitas, mediante publicidade ostensiva, para a manipulação dos sistemas de busca e da opinião pública em favor das suas pautas e interesses corporativos”.
O grupo ativista se refere à PL 2630/20, a chamada “PL das Fake News”.
“As empresas requeridas vêm tomando atitudes incompatíveis com o livre debate democrático”, escreveu o grupo na ação civil pública 1041869-17.2023.8.26.0002, a qual este jornalista teve acesso.
O resultado
Mas, o juiz da 41a Vara Cível Pública do TJ de São Paulo mandou arquivar o caso e decretou a derrota do Sleeping Giants.
O magistrado acabou tomando uma decisão contra os ativistas semelhante à que eles queriam impor ao Google. A saber: eles não podem tentar “guiar” o noticiário de acordo com seus interesses.
“A associação autora carece de interesse processual, ao manejar a sua pretensão de direito pela via processual inadequada da ação civil pública, seja por não tratar de interesses ou direitos difusos, seja porque quer apenas impor o seu modo de pensar no funcionamento dos serviços das requeridas”, disse o juiz em seu despacho.
Outro lado
Este site e canal tentaram entrar em contato com o Sleeping Giants do Brasil no fim de semana, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Se o grupo se manifestar, este texto será atualizado.
Conheça o canal de Ricardo Feltrin no Youtube
Abaixo, Mayara Stelle e Leonardo de Carvalho Leal, alunos de direito da Univ. Estadual de Ponta Grossa e responsáveis pelo Sleeping Giants no Brasil. (foto Reprodução UEPE)