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Filme sobre bastidores do Plano Real ridiculariza tucanos e poupa Lula

Depois de assistir a “Real – O Plano Por Trás da História” facilmente se chega à conclusão de quão imbecil foi o tal boicote de cineastas do festival Cine PE a esse filme.

Como muitos dos leitores devem ter ouvido falar, um grupo  decidiu deixar o festival semanas atrás. Grosso modo o motivo seria que ele estaria abrindo espaço para filmes “de direita”. O festival foi adiado por causa disso.

Entre os filmes que esses “talentosos” boicotaram estava o ficcional “Real…”, sobre o plano econômico instalado no país durante o curto governo tampão de Itamar Franco (basicamente só 93-94).

Convenhamos: é preciso ser  ignorante para boicotar algo que você não viu. E parece que foi exatamente isso que ocorreu em Pernambuco.

Pelo menos só isso explica o fato de que o filme não apenas NÃO enaltece o governo Fernando Henrique, menos ainda é de direita. Pelo contrário, ele pinta boa parte dos tucanos como uns “tchongos” cheios de sorte

ERA UMA VEZ A URV…

Vamos à história: estamos um ano antes da Copa do Mundo de 94, nos EUA, a inflação é galopante e Itamar assumiu no lugar de Fernando Collor, que foi defenestrado pelo impeachment.

Desesperado e patético, Itamar (um hilário Bemvindo Sequeira) convoca FHC (Norival Rizzo) para o ministério da Fazenda e exige um plano. Qualquer um. Qualquer coisa serve.

Admitindo ser incompetente como economista, FHC convoca Pedro Malan (Tato Gabus Mendes), Persio Arida (Guilherme Weber) e outros “geniozinhos” do mundo acadêmico para bolar alguma coisa.

É isso mesmo. Tudo é feito de improviso, às pressas e na base da fé. Nenhum dos titulares do BC ou do ministério têm a menor ideia se o plano irá dar certo.

Vale dizer que, na pele de Gustavo Franco, o ator Emílio Orciollo Neto é um caso à parte. Sua composição é simplesmente envolvente. Não é injusto dizer que ele é o elemento de atração de boa parte do filme.

Franco, levado ao governo por seu ex-professor Malan, não é o criador do Plano Real (um dos pais biológicos é Arida), mas abraça a ideia e a defende como se fosse sua.

Aí que está, leitores: Franco é arrogante, prepotente, megalomaníaco, exibicionista e, claro, acha que é dono da verdade. Só que ele é o personagem com traços MAIS POSITIVOS dessa trama dirigida com graça por Rodrigo Bittencourt (distribuído pela Paris Filmes).

Se alguém pensava opu ouviu dizer que que o filme é uma ode à sapiência e sagacidade do tucanato, a sugestão é  tirar o equino da intempérie.

FHC É SÓ UM BOBÃO…

O filme chega a ridicularizar FHC. Na história ele não passa de um “bananão”, político inseguro e que tem receio de se comprometer. Muito diferente do “intelectual” empolado que nos acostumamos a ver.

Outro tucano transformado em bobão é José Serra.

Serra (Arthur Kohl, que está fantástico nos maneirismos e até na entonação do tucano) é um sujeito com ideia exacerbada acerca de si mesmo. Em sua primeira aparição está se gabando de ter o QI só 10 pontos abaixo dos maiores gênios da humanidade.

Depois ainda se torna um dos “enxeridos” que enfraqueceu o plano durante mais uma crise internacional.

O “focado” Malan –que não tem nada a ver com o plano–  também é tratado como um profissional de pulso fraco, mais preocupado em diminuir a tensão causada por Franco dentro da equipe.

Principalmente quando esse puxa o tapete de Arida. Só que que ele também sofre com a conspiração dos “colegas”. No fundo, é hilário.

Curiosamente, ao contrário do que a turma do boicote pensa, um dos líderes políticos mais poupados na história é justamente Lula, A Alma Honesta.

FOI SEM QUERER QUERENDO…

A impressão que “Real – O Plano por Trás da História” deixa é que a atual moeda deu certo muito mais por sorte do que por movimentos estudados e previstos pela “nata” da economia.

Não deixa de observar que, assim como em 1970, o governo FHC também teve uma baita sorte de implantar o plano bem no momento em que o Brasil vencia uma Copa do Mundo.

Sobra também para imprensa, com a personagem de Cássia Kis Magro fazendo às vezes da repórter nada isenta que parece saborear cada gota da convocação de Franco para depor em uma CPI (do Banestado).

O filme não é de direita e nem de esquerda. É muito mais uma história de humor e de sarcasmo. Não deixa de ser o retrato do que a classe política continua sendo: ridícula.

Filme – “Real – O Plano Por Trás da História”

Onde: Nos cinemas

Avaliação: Muito Bom ???

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Assista ao trailer do filme: