Por quê?
Porque poderia ter encerrado esse caso assim que Daniela Giusti, vulgo Calabresa, foi até o DAA e denunciou Marcius Melhem por assédio moral.
Ela o acusou de tê-la impedido de ganhar dois programas no canal pago GNT em 2017; e o acusou de tê-la tirado sem explicação do projeto do humorístico “Fora de Hora”; e de tê-la limado da bancada do especial de fim de ano “A Gente Riu Assim” (ambos 2019).
Por que a Globo é culpada?
Porque no momento em que ela apresentou essas queixas bastaria à emissora consultar o departamento DAA (Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico), conversar com os envolvidos, checar e-mails trocados e pronto.
A emissora já saberia que Melhem não teve papel algum nessa acusação.
Sobre o Fora de Hora e o A Gnete Riu Assim, era só chamar meia dúzia de pessoas do núcleo que saberia que Calabresa enfrentava uma fase delicada em sua vida. A separação litigiosa de Marcelo Adnet.
Se ouvisse algumas testemunhas, a Globo saberia que ela podia estar tendo uma reação ou explosão emocional com a pessoa errada. Seu ódio era de Adnet, e não de Melhem.
Foi para esse último que sobrou.
Não por acaso, em uma entrevista a um podcast, perguntada sobre o pior que ela enfrentou na vida, ela cita Adnet.
“Começamos a namorar em 2008 e em 2014 ele acabou com a minha vida.”
Mas, a Globo não fez nada. E permitiu ainda que ela voltasse lá com outra “narrativa” inédita, dessa vez o acusando de assédio e importunação sexual.
E com ela chegaram outras acusadoras “melhores amigas” com as narrativas mais ficcionais , fantasiosas ou apenas puramente farsescas.
Globo se omitiu
E a Globo não fez nada. E ainda puniu Melhem. Puniu, mas passando o pano, já que divulgou uma carta de homenagem em sua saída.
A emissora e o Grupo Globo permitiram que tudo isso saísse do controle.
A direção da Globo errou, a direção artística errou, o departamento de Recursos Humanos errou; o Jurídico errou; e o compliance errou monumentalmente.
A verdade é que o único departamento que agiu com correção, que identificou os buracos nas narrativas, e que sugeriu o arquivamento (e olha que o compliance JAMAIS teve acesso às mensagens), foi o DAA.
Sabem o que aconteceu com o DAA? Foi fechado. Não existe mais.
Outro lado – Globo
A Globo enviou nesta terça-feira (21) uma nota em resposta a esta coluna. Veja a íntegra:
“Não nos manifestamos sobre casos de Compliance, mas a matéria abaixo parte de premissas que não são verdadeiras. Entre outras, não é verdadeira a afirmação sobre demissões na área de Compliance.
E, como você pode comprovar fazendo uma busca em matérias da época, a diretora de Compliance da Globo, Carolina Bueno Junqueira, está na empresa desde abril de 2020. Central Globo de Comunicação”
Réplica
De fato errei a data da entrada de Ana Carolina na direção de Compliance e Riscos do Grupo Globo.
Foi em abril de 2020. Mas isso não muda nada.
A investigação sobre Marcius Melhem já tinha acabado e ele estava afastado da empresa desde março.
Depois disso nunca mais foi ouvido. Resumindo: quando ele foi ouvido pelo compliance, dra. Carolina não estava no cargo e não fez parte das investigações. Ela não sabia o que ele falou e nem como se defendeu.
Sem Melhem, sem compliance
Melhem foi demitido em agosto, então não poderia existir mais compliance sem funcionário. A menos que a Globo siga outros princípios.
A carta usada por Léo Dias para acusar Melhem de um crime (que a carta nem sequer cita) é assinada por dra. Carolina em 31 de janeiro de 2022. Muito após o caso ter sido enterrado pela própria Globo.
O que é mais espantoso: como pode a carta interna de uma diretora de Compliance, que não investigou o caso do qual está falando, vazar para um repórter?
Como isso pode ocorrer dentro do departamento de compliance do maior grupo de mídia do país? O fundamento de um compliance não é o sigilo?
Digital está lá
O que é certeza é que esse documento, que a despeito de não dizer nada, vazou sob a gestão da dra. Carolina, e a assinatura dela está lá.
Mas foi usado por um jornalista para soltar mais uma “fake news” contra o ex-funcionário da Globo.
Para encerrar a réplica, Melhem era registrado em carteira (CLT).
O Grupo Globo JAMAIS fez qualquer anotação de advertência em sua carteira de trabalho. E ainda por cima divulgou uma “love letter” sobre ele, por bons serviços prestados.
Sobre a dispensa, afastamento ou transferência de todos os funcionários do Compliance que estiveram envolvidos nesse caso, mantenho essa informação.
Horrível o papel do compliance e da Globo nesse caso.
Veja os comentários completos no canal de Ricardo Feltrin no YouTube
2 respostas
Feltrin, e hj estourou (mas com claro abafamento da mídia) mais um caso de suposto assédio dentro da Globo, desta vez do Leonardo Nogueira, que vai (iria?) dirigir a próxima novela das 19 horas.
O que será que o compliance da Globo vai fazer nesta situação hein? Será que vai repetir os erros do caso Marcius Melhem?
Não foi abafado na mídia. Todo mundo tá dando. Vou falar amanhã esse caso. Abração