Depois de mais de um ano em silêncio sepulcral, eis que a revista “piauí” resolveu voltar a mexer com o caso Marcius Melhem.
Depois de destruir a reputação do ator e ex-chefe de Humor da Globo em dezembro de 2020, com uma reportagem fantasiosa e cheia de erros crassos, a publicação ressuscitou o assunto ontem (20).
Porém, continua se fingindo de morta (com trocadilho) e sem assumir ou admitir as “barrigas” que publicou.
Nem uma palavra sobre os mais de 50 erros factuais, mentiras ou simplesmente invenções criadas ou acatadas pelo repórter João Batista Jr. de sua “fonte”.
Batista Jr. assina novamente a “nova” matéria, mas ela não passa de um “cozido requentado” do que ele próprio já publicou em fevereiro do ano passado, em outra matéria fantasiosa: “O Cerco”.
Ou então apenas reproduzindo o que a “Veja” já publicou esta semana.
Um barril de erros
Segundo a última contagem deste site e canal, a reportagem de dezembro de 2020, da piauí, tem cerca de 60 erros factuais, de informação, de datas, desmentidos etc.
Certamente essa reportagem no futuro deverá ser estudada em faculdades de jornalismo, assim como o caso também fará parte da literatura de estudantes do Direito Criminal.
Nos dois casos a lição será: como não agir em sua profissão.
Apesar do iceberg de erros, a revista até hoje não se retratou e nem sequer corrigiu uma única informação.
A piauí apenas age como um apêndice do site Metrópoles. O anti-jornalismo. A militância burra e manipulativa, travestida de “reportagem”. A crueldade. A sordidez dos veículos de comunicação.
Vergonha no débito e no crédito
Vamos às “novas” aventuras do repórter e da revista que o abriga:
De cara a matéria começa com mais uma “falha que virou o modus operandi da equipe da advogada Mayra Cotta (que defende as sete acusadoras de Melhem):
8, 14, 9, 13, 7, 11…
A revista fala em DOZE vítimas, mas no parágrafo rebuscado você nota que o repórter inclui denúncias de assédio moral nas de denúncias de assédio sexual.
Uma óbvia manobra de desespero para confundir as pessoas. Afinal, há quase 3 anos essas mulheres estão isoladas e sem conseguir novas acusadoras.
Ninguém quis ou quer entrar na barca furada dessas sete senhoras sem qualquer senso sobre si próprias.
Revista volta a falar que a Globo determinou que Melhem ficaria 180 dias afastado sem remuneração. Isso nunca aconteceu.
Batista Jr. tenta usar uma tal carta do compliance assinada pela senhora Carolina Reais, diretora do Compliance da Globo.
Dona Carolina, onde a sra. estava?
Além de sua signatária não ter jamais feito parte das investigações do Compliance da Globo e nem sequer ouvido ninguém, a carta também não traz nada de novidade.
Batista Jr. tenta dar um nó argumentativo quando fala que a carta da Globo não comprovou assédio nenhum de Melhem.
Para ele e sua pequena bolha, isso não significa que não houve. Apenas que a Globo não descobriu.
É a deterioração da retórica e do resto de decência que uma profissão pode legar:
Pois o óbvio é: quando não se prova a culpa de alguém, ela é inocente. Não para Batista Jr., para a “piauí”, e algumas jornalistas militantes desaplaudidas por aí.
Não é culpado, mas PODE ser.
Ora, a Globo também não descobriu que Melhem desviou dinheiro. Mas, QUEM SABE?
Também não conseguiu comprovar que alguma vez Melhem tenha usado os estúdios da Globo para promover uma orgia sadomasoquista. Mas, QUEM SABE?
E segue a ladainha: na carta, a Globo afirma que não descobriu nada após investigação minuciosa, mas para a revista parcial isso não interessa.
Disse a Globo em carta ao MPT:
“Restou, de fato, constatada a inadequação do artista com seus subordinados, sem que fosse possível comprovar a prática deliberada de assédio sexual, dados os contornos legais que a conduta exige para sua caracterização.”
Resumindo: a Globo não viu, não achou, não teve nem indícios de assédio sexual (e nem moral).
A reportagem da piauí ainda faz outro malabarismo: mistura informações com a opinião sem qualquer comprovação.
É como o jornalista se ele soubesse exatamente o que a Globo pensa e age.
No mínimo, um poder paranormal. No máximo, uma jogada desesperada de quem sabe que terá seu nome inscrito no jornalismo brasileiro, assim como o de sua empregadora
Pobre Esmeralda
Mas tudo isso não chega aos pés da má-fé que move a matéria desde o princípio.
A “Piauí” tinha, de fato, uma grande história para publicar.
A história revoltante e enojante de “Esmeralda” (nome fictício), uma engenheira da Globo, que chega a ser violentada por colegas do setor durante o trabalho.
Seria uma ótima história, mas o jornalista, dobrando a aposta e fugindo da responsabilidade das mais de 50 “barrigas” que deu em sua primeira reportagem, volta a agredir sua vítima: Melhem.
Esmeralda não tem nada a ver com Melhem, trabalhava em outro núcleo e foi alvo de criminosos. Porém, o “abre”, a “abertura” da reportagem da revista é justamente Melhem, como se ele tivesse qualquer relação com o caso.
Pior: o nome dos quatro criminosos da área técnica da Globo são omitidos pela “piauí”, vejam que fofura. Mas essa matéria é ilustrada com a foto de Marcius Melhem.
É o jornalismo agonizando em praça pública.
Nunca o nome de uma publicação em letras minúsculas fez tanto sentido.