“Só teste de HIV não garante sexo seguro”, dizem médicos e especialistas –em uníssono–, se atores e atrizes pornôs fazem sexo sem camisinha.
O site Ooops ouviu três infectologistas de renome nacional, sobre o caso de três atrizes de filmes pornô em São Paulo que tiveram casos confirmados de HIV positivos.
Segundo nossa apuração, duas das atrizes participaram de uma mesma cena de sexo grupal, com mais quatro atores.
Todos fizeram trocas de parceiro, sexo anal e oral (com finalização), e sempre sem proteção nenhuma. No total foram seis pessoas.
Por sinal, essa cena foi gravada para o canal de uma das participantes na plataforma de vídeo XVideos.
Filmagem sem camisinha
O fato é que uma das soropositivas fez, semanas antes, outra cena sem camisinha com uma atriz trans, para um filme da produtora HardBrazil.
Essa trans acabou sendo o primeiro caso confirmado de HIV+.
Produtoras menores, que vivem da exportação de seus filmes para fora do país, sempre filmam sexo sem camisinha, só com o teste de HIV.
Segundo elas, as grandes compradores exigem cenas sem camisinha, caso contrário não compram as produções.
Os atores trazem seus testes ou as produtoras os encaminham a laboratórios. Depois, todos mostram uns aos outros os resultados.
E os atores também fazem sexo sem camisinha quando sobem vídeos no XVideos ou em outras ´plataformas.
Falam os especialistas
Para três renomados infectologistas ouvidos pela coluna, esse “modus operandi” pode ser inútil e, acima de tudo, perigoso e até mortal.
Dr. Rodrigo Molina
Segundo o doutor e professor Rodrigo Molina, de Minas, um dos maiores especialistas em HIV do país, “um exame negativo para HIV não tem alto valor, quando realizado recentemente. Devido às “janelas imunológicas”, uma pessoa pode estar infectada e (ainda assim) apresentar resultado negativo”.
“Um exame realizado logo após a relação sexual não tem qualquer serventia, pois a positividade ocorrerá após duas semanas. Porém, neste período devem ser evitadas relações desprotegidas”, explica.
Isso não acontece. Atores e atrizes fazem filmes quase que diariamente ou semanalmente.
Dr. Valdez Madruga
Infectologista, pesquisador do HIV e de seu tratamento, membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia, dr. Valdez Madruga também desaprova a prática do sexo desprotegido no pornô nacional.
“Não basta mostrar resultados de exames. Isso não garante que (o ator ou atriz) não está infectado.
A pessoa pode ter se infectado logo depois de fazer o exame ou pode estar na chamada ‘janela imunológica’ (período que a infecção ainda não resulta em testes positivos.
Porém, no período de ‘janela imunológica’ uma pessoa eventualmente já com HIV+ pode infectar outras pessoas”, afirma o dr. Valdez.
Dr. Valdir Sabbag Amato
Para o infectologista Valdir Sabbag Amato, de São Paulo, a prática é “um absurdo”.
“Inacreditável, não é possível”, disse, após ser informado do teor da reportagem.
Ele reforça os alertas do doutor Molina:
“Usar o preservativo é a maior das seguranças, Esses atores e atrizes estão se expondo a um risco imenso”, diz.
“Um exame pode apontar soropositividade negativa, se feito logo após as relações. Mas, essa pessoa pode já estar espalhando o vírus às outras.”