O compliance de uma empresa tem como função receber e investigar denúncias internas feitas por ou contra funcionários.
As denúncias podem ser de assédio a suspeitas de desvios financeiros; de condutas impróprias à insubordinação; da irregularidade em um pagamento a fornecedor, ao furto de materiais da empresa.
Na Globo, o compliance está trabalhando MUITO.
Segundo este jornalista apurou, o departamento da emissora têm recebido uma quantidade muito maior de queixas este ano do que em relação a anos anteriores.
A maioria absoluta dos registros fala em assédio moral feito por chefes ou mesmo por colegas.
As queixas de assédio sexual também ocorrem, mas em grau bem menor; não obstante, ainda mais devastadores.
Estupro na Globo
Como foi o caso da engenheira Esmeralda (nome fictício), que, segundo a revista “piauí” foi assediada, abusada e até estuprada por quatro colegas de um departamento técnico da Globo.
Se isso está ocorrendo ainda depois da instituição do compliance, não é difícil imaginar o que havia dentro da Globo antes disso.
Como este jornalista que vos escreve publicou no ano passado, entre as décadas de 70 e a primeira década dos anos 2000 “predadores sexuais” reinaram na Globo não só na dramaturgia, mas em vários outros departamentos.
A descentralização completa permitia que alguns funcionários usassem seus cargos para indicar pessoas. E muitos exigiam algo em troca, como o sexo.
O fim dessa era só começou na década passada, com uma “limpa” em funcionários que haviam sido denunciados ao então RH da Globo.
Também caíram quase todos os que eram fortemente suspeitos de assédio moral ou sexual na casa.
Terremoto
Ontem (22), funcionários da emissora fizeram um protesto silencioso em defesa de Esmeralda e pela punição dos envolvidos (segundo a revista-site, um deles ainda empregado).
Mas há outras queixas sobre condições de trabalho.
Por exemplo, com a onda de milhares de demissões que vêm ocorrendo no Grupo Globo ao menos desde 2019, muitos funcionários que sobreviveram alegam agora que estão trabalhando muito mais para suprir a ausência dos colegas.
O lado positivo, se é que se pode dizer assim, é que finalmente, após décadas, funcionários da Globo (e de muitas empresas) podem registrar denúncias sem medo de retaliação ou perseguição.
O que a Globo está vivendo é uma mudança de paradigma. Ela nunca será mais a mesma.
Veja o comentário de Ricardo Feltrin no YouTube.
