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Neil Peart faz 67 anos; conheça seu legado

Resenha do livro "A Estrada da Cura", de Neil Peart, pelo jornalista Ricardo Feltrin

O músico e escritor canadense Neil Peart completa 67 anos nesta quinta-feira (12).

A despeito de seus títulos –é chamado de “o mestre” e foi eleito o 2º melhor baterista de todos os tempos, só atrás de John Bonham– Neil Ellwood Peart tem uma vasta e sólida obra.

E ele a tem em duas frentes: na música e na literatura.

Compôs dezenas de músicas, é o letrista oficial da banda Rush e já escreveu cinco livros.

De todos esses, o site Ooops recomenda “A Estrada da Cura” (2002), lançado no Brasil em 2014 pela editora Belas Letras (513 págs., R$ 45 em média na internet).

Só para entenderem o enredo: apesar da vida de “rockstar”, Peart sempre foi um cara “família”.

Um sujeito estável, não dado a excessos e focado em seus três grandes amores: a mulher, Jackie, a filha única, Selena; e a banda.

Em agosto de 1997 a adolescente Selena estava feliz porque havia recentemente tirado a carteira de motorista.

Num dia, saiu para passear com os amigos quando sofreu um trágico acidente automobilístico não muito longe de casa (Canadá).

Neil era doido pela filha e a mimava, mas se diz consciente que a mãe era sua melhor amiga.

Selena era uma garota que amava viver, ponderada, não dada a exageros ou hábitos nocivos como tantos jovens em sua idade.

Adorava livros de arte. Tinha um orgulho imenso do pai, a quem ocasionalmente surpreendia dando conselhos de vida –inclusive sobre o (não) uso de drogas.

Uma menina adorável, evoluída e bom caráter, mas que teve uma morte horrível.

Semanas depois, o baterista ainda nem estava próximo de se recuperar dessa tragédia, já chegou outra: soube que a mulher, Jackie, estava com um câncer maligno.

A dor

É nesse momento que o sempre comedido e responsável Peart, que até então nunca fora chegado em drogas pesadas, afunda nelas e afoga seu coração com analgésicos como heroína e coca.

O traficante se torna seu “médico”. As drogas, sua medicina.

Peart conta no livro que sua amada Jackie definhou dia após dia, e que em nenhum momento demonstrou otimismo ou quis ser curada.

Pelo contrário: parecia que queria morrer e ir o mais rapidamente possível para o mesmo lugar em que a filha estava.

No dia que enterra Jackie, Neil chama os dois colegas de Rush ainda no velório e diz: “Eu não posso mais continuar”.

O baixista Geddy Lee e o guitarrista Alex Lifeson, devastados, nem tentam argumentar.

Nos dias seguintes, o baterista arruma a mochila, manda fazer revisão em sua moto BMW R110GS.

Então parte sozinho numa viagem sem rumo pelo Canadá e EUA.

Era o início da sua solitária e dolorosa viagem para a cura…

A Longa Estrada da Cura de Neil Peart

Não vou dizer que é uma obra de arte, até porque o livro lançado pelas Belas Letras quatro anos atrás, tem partes bastante enfadonhas.

Mas, poucos autores transparecem tanto ao leitor como neste.

É uma pessoa ferida quase mortalmente. Cheia de rancores, tristezas, saudades e quase nenhum sentimento mais de gratidão.

Décadas de sucesso, riqueza, luxo e aplausos desaparecem sob o peso de duas mortes devastadoras.

Neil Peart abandonará seu instrumento pelos próximos anos.

Vai começar a viagem de forma humilde, se hospedando em hotéis de beira de estrada no mais completo anonimato (porque NINGUÉM sabe quem é o baterista do Rush).

Nessa estrada vai encontrar pessoas boas e más, loucas e ponderadas, mas nenhum amigo de fato. Vai ficar sozinho.

Carentíssimo, até vai ter uma paixão novamente, a primeira pós-Jackie.

No princípio vai torrar o dinheiro que tem, e depois o que não tem.

Aqui vale uma homenagem ao baixista e ao guitarrista do power trio Rush: Lifeson e Lee em nenhum momento pensaram em substituir o colega, nem como baterista e nem como letrista.

No final dos anos 90, os amigos compreensivos e abnegados até tinham dinheiro suficiente para se manter por anos sem trabalhar. Mas, muito menos do que a gente imagina.

Ainda assim permitiram que Peart passasse esses anos afastado fazendo retiradas em dinheiro e 100% vinculado à banda e a toda sua estrutura.

Em nenhum momento o procuraram e tentaram fazê-lo voltar a tocar. É de encher os olhos de lágrimas.

Redenção

Não queria contar o final, mas, poxa vida, qualquer um que gosta de música, do Rush e se informa sabe o final dessa história.

Graças a Deus, ele é feliz: Peart vai se curar, vai reencontrar o amor, vai ter outra filha e vai voltar aos palcos com os amigos.

E em sua volta ele fará mais uma obra-prima:

o solo de bateria no vídeo abaixo.

Longa vida a Neil Peart ( e a Geddy Lee e Alex LIFEson 😛 )

Descansem em paz, Jackie e Selena <3

Leia outras resenhas de livros e sobre música no site Ooops

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Livro: “A Estrada da Cura” – Neil Peart

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