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Livro revela como Hollywood deu as mãos ao nazismo

Resenha crítica do livro "O pacto entre Hollywood e o Nazismo", de Ben Urwand; texto de Ricardo Feltrin, site Ooops

“O Pacto entre Hollywood e o Nazismo” é um livro absolutamente chocante para quem se interessa por história e especialmente por cinema.

Escrito por Ben Urwand, mestre em cinema e doutor em história dos EUA, o livro vem causando furor desde 2013, quando foi lançado.

No fim do ano passado chegou finalmente ao Brasil (ed. LeYa, 364 págs, R$ 40 versão digital, R$ 60 em média na versão em papel).

Trata-se de um trabalho muitíssimo bem documentado pelo autor que, como o título diz, mostra como os estúdios de Hollywood na década de 1920 e 30 andaram de mãos dadas com o nazismo.

Isso mesmo.

Judeus milionários, fundadores dos maiores estúdios de Hollywood, não só aquiesceram como procuraram ardentemente aprovação dos nazistas para que seus filmes à época continuassem a ser exibidos na Alemanha.

Poucos anos após a 1ª Guerra, a derrotada Alemanha já estava se reerguendo e já tinha se tornado o segundo maior mercado do cinema judeu-norte-americano.

Os empresários cinematográficos judeus, que haviam assentado em Los Angeles, eram conhecidos como “moguls”.

O Grande Filme

“O Pacto entre Hollywood e o Nazismo” é uma espécie de “sequência” para outro importante livro sobre a história do cinema.

Trata-se de “O Grande Filme”, do historiador judeu Edward Jay Epstein (ed. Summus, R$ 70 em média versão em papel).

Segundo Epstein, os “moguls” fugiram da Costa Leste para a Oeste no início do século 20 porque não queriam pagar direitos de uso da tecnologia cinematográfica desenvolvida por Thomas Edison.

Mudaram de mala e cuia, câmeras e rolos de filmes para o outro lado dos EUA –para ma cidadezinha então agrícola chamada Hollywood.

Achavam que na outra costa do país teriam mais sossego porque encareceriam muito as eventuais cobranças de Edison sobre seus direitos.

Estavam certos. Hollywood floresceu e se tornou a terra do cinema.

Manipuladores

Epstein já havia contado como os “moguls”, a despeito da genialidade, eram protecionistas e mesquinhos. Não queriam concorrência alguma.

Assim como muitos jornais em papel fizeram contra seus próprios sites no século 21, quando surgiu a TV os “moguls”se organizaram da mesma forma.

Tinham de impedir que aquela nova mídia se desenvolvesse.

Achavam a TV uma inimiga de morte. Tinham certeza que estariam acabados se não a combatessem.

Chegaram inclusive a criar uma “regra”: qualquer empregado que aceitasse trabalhar em QUALQUER produção de TV seria banido da indústria do cinema para todo o sempre.

Como todos sabemos, eles fracassaram (graças a Deus).

Conluio com Hitler e seus “parças”

O que o livro de Ben Urwand escancara, porém, é como esses “moguls” eram tão gananciosos e manipuladores e como agiram por décadas em conluio com os emissários de Hitler.

O objetivo? Faturar.

Os nazistas decidiam o que podia e o que não podia entrar nos filmes de Hollywood, e eles aceitavam quase sempre bovinamente.

Por exemplo, os filmes estavam proibidos de mostrar os alemães como vilões da 1ª Guerra.

Políticos e adidos nazistas faziam cortes, ameaças e praticamente criaram um incidente diplomático graças a filmes como “Sem Novidade no Front” (1930).

Motivo: ele retratou os alemães da maneira que realmente eram naquele período histórico.

Entre 1930 e 1933 os judeus de Hollywood “comeram miudinho” na mão dos nazistas.

Nazistas chegaram a obrigar os estúdios a demitir metade dos funcionários judeus dos escritórios dos estúdios na Alemanha em 1933. E o resto em 1934.

Não queriam trabalhar com o que chamavam de “escória”.

Os estúdios engoliram a ordem passivamente.

Pior: muitos estúdios voluntariamente manipulavam e construíam histórias sempre no sentido de não irritar e incomodar os nazistas.

E faziam isso mesmo sabendo que já estava em curso uma perseguição e matança que virariam a seguir o Holocausto.

Quando alguns corajosos empresários e diretores judeus de Hollywood foram tentaram escancarar a perfídia do nazismo, “moguls” se uniram a entidades judaicas para tentar impedi-los.

Era o dinheiro acima de tudo e de todos. Inclusive das vítimas de Hitler.

Até 1939, quando começou o extermínio sistemático de judeus –o que já era de pleno conhecimento de boa parte da comunidade no mundo–, os “moguls” continuavam bajulando os nazistas para que não banissem seus filmes das rentáveis salas alemãs.

Hitler, o cinéfilo

Aqui cabe um adendo: tudo era comandado pessoalmente por Adolf Hitler, um cinéfilo doente que desde que assumiu o poder fez questão de usar o cinema como meio de propaganda política.

Segundo Urwand, Hitler era tão metódico que assistiu a ao menos um filme por noite –todas as noites– de 1933 a até pouco antes de seu “sumiço” em 1945.

O ditador e psicopata chegava ao detalhismo de fazer críticas a cada um dos filmes e mandar arquivá-las.

Não por acaso o autor não conseguiu nenhuma dessas informações nas bibliotecas dos EUA ou junto aos grandes estúdios de Hollywood. Não.

Tudo que ele apurou se deve à meticulosidade dos nazistas, que guardaram documentos, anotações e comunicados (inclusive oficiais, de embaixadas), hoje preservadas em bibliotecas alemãs.

As bobagens estão lá

Há ainda os outros lados dessa “guerra” publicitário-cinematográfica, e o livro corretamente os aborda.

Por exemplo, filmes considerados “errados” e lançados na hora “errada” em Hollywood.

Entre esses está “Despertar de Uma Nação” (1933), um verdadeiro ataque direto a Hitler, mas utilizando elementos e personagens norte-americanos.

Mal-compreendido, foi atacado por judeus e norte-americanos como “antipatriótico”.

Sem falar em tiros no pé de verdade, como o filme “pseudobiográfico” “A Casa dos Rothschild” (1934).

Esse foi tão mal concebido e idealizado que acabou se tornando peça da própria propaganda nazista.

“O Pacto entre Hollywood e o Nazismo” é um livro realmente surpreendente, às vezes perturbador, e que já tem seu lugar na história do cinema, da 2ª Guerra e dos Estados Unidos.

Livro: “O Pacto entre Hollywood e o Nazismo”
Editora: LeYa
Avaliação: Excelente ?????

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