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Netflix: Série desmistifica Mossad em 4 capítulos

Crítica do seriado documentaç "Por Dentro do Mossad", da Netflix; crítica de Ricardo Feltrin, site Ooops

Desde criança ouço falar do Mossad, o lendário serviço secreto de Israel.

Para quem não sabe, a origem do Mossad –a CIA de Israel– está em grupos paramilitares que atuaram antes, durante e depois do nascimento do país, em 1948.

Entre essas unidades paramilitares estavam milícias como o Irgun Leumi e o Grupo Stern, entre outros.

Com a criação do Estado e das FDI (Forças de Defesa de Israel), surgiu a necessidade de um contingente de inteligência submetido a ordens superiores.

Isso porque os grupos já citados agiam por si e em muitos casos de forma absolutamente criminosa (e até terrorista, segundo alguns historiadores).

O Mossad foi a resposta legal a tudo isso.

É o Instituto Para Inteligência e Operações Especiais, cuja sede é Tel Aviv, e que também faz parte das FDI.

Não dar a outra face

Uma das lendas que ouvia desde criança era que o Mossad não errava e não deixava nenhuma missão sem cumprir.

Era 100% acerto.

Se tivessem de caçar um nazista até o fim do mundo, iriam.

Se tivessem que vingar um ataque a Israel, coitados dos autores.

Não havia perdão.

Inclusive teria sido entre suas fileiras que se ouviu pela primeira vez o neoditado:

“Nós (Israel) não somos cristãos. Nós não damos a outra face”.

Pois “Por Dentro Do Mossad” (2017), disponível na Netflix, dá a outra face e mostra que não era bem assim.

Honesta, a série assinada por Duki Dror, Yossi Melman e Chen Shelach tem como grande virtude o fato de mostrar acertos e também o lado errático e mortal de –sim– um dos serviços secretos mais eficazes do mundo.

Todos os entrevistados nos 4 episódios da primeira temporada são ex-agentes ou oficiais do serviço.

Um deles é o lendário Rafi Eitan, que foi quem capturou Adolf Eichmann
(o arquiteto do Holocausto) no braço, na Argentina, em 1960.

Herói nacional, Rafi, um dos entrevistados mais bem-humorados (e que menos faz revelações) no documentário, morreu aos 92, em março do ano passado.

Em comum todos os personagens do filme têm ainda lembranças intactas do que viveram, causaram e sofreram em seus anos de alistamento e operações.

A obra não faz questão de ser linear e cronológica: ela vai e volta no tempo e nas operações.

Todos os líderes estão lá

De Moshe Dayan (1915-1981) a Itzhak Rabin (1922-1995); de Golda Meir (1898-1978) a Benyamin Netanyahu, muitos dos principais líderes de Israel estão lá citados, bem como suas relações com o Mossad.

Alguns entrevistados se sentem incomodados com as perguntas dos diretores, mas nunca deixam de falar alguma coisa.

E, mesmo quando se negam a responder, podem ser explícitos só com suas expressões faciais.

Sobre os erros que o serviço cometeu, um dos entrevistados comenta de forma desapegada e responde mais ou menos assim:

Se você tem 100 missões e 1 dá errado, não vamos nos preocupar com o único erro, mas com a maioria absoluta de sucessos.

É exatamente isso. A maioria das operações que o serviço secreto de Israel se envolveu acabou do jeito previsto.

Erros crassos e mortais

Mas, também houve erros horrorosos.

Um deles quando mataram um pobre garçom inocente no Chipre.

Os agentes o confundiram com um dos líderes do massacre de atletas israelenses na Olimpíada de Munique, em 72.

Outro quando agentes foram presos dentro da Jordânia após tentarem envenenar um inimigo de Israel.

Humilhados, os israelenses tiveram de lhe dar antídoto e Israel ainda teve de barganhar a soltura dos seus.

Há outros momentos (e imagens) chocantes.

Por exemplo, a de um antigo agente enforcado em praça pública na Síria após ter sido descoberto.

Mossad desnudo

Curioso que o trabalho do Mossad foi tratado como segredo do Estado por quase 60 anos.

Só agora o público pode saber mais a seu respeito.

Aliás, para quem se interessa (como eu) por esse tipo de assunto, recomendamos também dois livros (imagem abaixo).

Dois livros para saber mais sobre o Mossad, o serviço secreto israelense

Sobre Rabin, premiê de Israel assassinado pelo extremista Yigal Amir em 1995, uma curiosidade “mórbida” que o filme expõe:

Ele foi um dos líderes de Israel menos afeitos ao serviço secreto.

Achava que o Mossad era falho. Quase não o ouvia. Se ouvia, dava pouca atenção.

Coincidência mórbida ou não, foi um erro do Mossad que levou a sua morte.

Mamãe, entrei pro Mossad!

Apesar de grave e sério, o documentário tem também momentos leves e até hilários.

Um deles é quando um agente que conta que nos anos 70/80 conseguiu ser recrutado para trabalhar no serviço.

Como todo judeu tradicional e amoroso, ele logo correu para casa para avisar a mãe da boa nova.

“Mãe, arrumei o emprego no Mossad.”

A mãe, ele conta, ergueu as mãos ao céu e agradeceu:

“Até que enfim! Você vai ter salário, aposentadoria e plano de saúde!”

Ela, claro, não fazia ideia de onde o filho estava se metendo.

Infelizmente, só 4 capítulos 🙁

É uma pena que sejam só quatro episódios nessa primeira temporada. Porque a realidade da organização certamente daria, senão uma Bíblia, ao menos uma Torah.

Esperamos novas temporadas, dona Netflix.

Filme: Por Dentro do Mossad (2017) #PorDentroDoMossad
Onde: Netflix
Avaliação: Excelente ?????

Mais sobre cinema e filmes da Amazon e da Netflix no site Ooops

2 respostas

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