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Breve história do feminismo e do “femismo” – Ep. 1

Breve história do feminismo e do “femismo”

Breve história do feminismo e do “femismo”, ainda mais contada por um homem heterossexual, é tudo que essa segunda vertente (o femismo) mais poderia odiar.

Porém, ainda temos em vigor a liberdade de expressão e de análise histórica. Portanto, como dizia o grande lobo Zagallo: “vão ter de me engolir”.

Feminismo e feminismo

Devido à falta de conhecimento, hoje em dia, as brasileiros (as) confundem feminismo e femismo. 

São ideologias completamente diferentes e com objetivos quase antagônicos

O feminismo é um movimento multifuncional e prático, que começou timidamente há cerca de 230 anos, na Revolução Francesa.

Afinal, creio eu, seria ridículo e hipócrita usar o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” só entre o gênero masculino.

E fez-se a Luz

Enfim, o feminismo –nem tinha esse nome”– foi uma das últimas boas consequências do iluminismo (1685-1815).

A propósito, o nome Iluminismo não é por acaso: a humanidade  começava lentamente a sair do período das trevas. No entanto, isso durou pouco.

No entanto, ainda foi preciso esperar mais de um século de “luz” na sociedade para que o embrião do feminismo surgisse.

Ele nasceu timidamente com o discurso de igualdade com o gênero masculino, e envolvendo centralmente respeito ao ser humano como iguais

O Iluminismo erá fundamentado no humanismo e no senso de Justiça social e política.

Voltemos ao passado

Agora vamos voltar 190 mil anos, idade estimada para o homo sapiens.

Imagino quem por motivos biológicos, e pelo fato de ser um gênero mais agressivo, o macho se tornou preponderante sobre a Terra

Imagino (uma ilaçãom apenas) que, por ter naturalmente essa agressividade inata, e por ter se tornado o “caçador naquelas famílias pré-históricas, ele certamente subjugou as fêmeas como subjugaria aos animais.

188 mil anos

Então vejam, leitores e leitoras: por mais de 188 mil anos a mulher baixou a cabeça para o macho simplesmente porque foi obrigada a isso na base do porrete (provavelmente feito com um osso de animal).

Ela foi sempre tratada como ser inferior, como moeda de troca, escrava e cortesã. Enfim, um subgênero.

Foi preciso que a raça humana existisse por quase 200 mil anos para que a mulher pudesse ter alguma voz.

Só que por mais de dois séculos essa luta foi cerceada e combatida do mesmo jeito. Qual era a luta da mulheres? Ter alguns direitos, não ser tratada como um objeto ou simplesmente poder votar.

Vamos pular as ondinhas

Há diversas teorias para datar as ondas feministas.

A primeira onda

As norte-americanas Lucretia Mott e Elizabeth Stanton são consideradas pioneiras em reuniões de defesa ao feminismo (acanhadíssimo).

A britânica Mary Wollstonecraft é considerada a grande pioneira.

É considerada por muitos como a primeira mulher a criar uma base filosófica feminista, ainda que incipiente. 

É dela a famosa frase: “Tanto homens quanto mulheres devem ser tratados como seres racionais”.

Frase que hoje parece absurdamente triste, de tão óbvia.

A primeira cancelada

Mesmo assim, Mary foi alvo de cancelamento dos “machos” desde o primeiro texto.

Ela resistiu e hoje é considerada a “mãe” da primeira onda (tímida) feminista intelectual.

Cinco anos antes de morrer, em 1792, foi para Paris e, diz a lenda, viu o rei Luís XVI perder a cabeça (literalmente).

A segunda

Essa onda omeça em 1963, com a defesa da legalização do aborto, do divórcio, da ílula anticoncepcional e da luta contra o preconceito às mulheres que praticavam sexo casual.

Ora, só os homens podiam? Houve grande reação e críticas que foram disseminadas tanto entre homens como em mulheres puritanas.

Do ponto de vista sexual, a demanda vai eclodir com grande força nos EUA, na esteira dos movimentos libertários e dos anos 66 e 67 (o “Verão do Amor”).

Verão do Amor serviu de impulso à igualdade de comportamento sexual dos gêneros

Verão do Amor serviu de impulso à igualdade de comportamento sexual dos gêneros

De novo, como na revolução Francesa: ficaria ridículo a temporada do amor livre só valer para homens.

No Brasil, por incrível que pareça, o segundo movimento tem apoio no “clube do Bolinha” dos governos militares. Mas falarei obre isso no próximo texto.

O grande problema desse período foi a chegada um outro movimento que se auto denominava “feminista”, só que “cristão”.

Na verdade, essa linha foi amplamente defendida por homens, ditos “conservadores”. Por que será? Hein? Hein?

No final, o movimento começa a bater cabeça quando entra em temas como prostituição e pornografia.

Esses dois assuntos seguirão dividindo muitas feministas da próxima onda. Aliás, até hoje.

Simone

O expoente da segunda onda –e parte até da terceira– é Simone de Beauvoir.

É a primeira a levantar a voz contra a exclusão das mulheres na política e a desigualdade salarial. Sua vida privada é cheia de histórias desabonadoras, mas, afinal, que não as têm?

Sua “obra-prima”, segundo as feministas, é “O Segundo Sexo”. De fato, provavelmente é o primeiro raio-X da condição e lugar da mulher na sociedade.

Há bastante “romantização” na relação de Beauvoir e seu esposo, Jean-Paul Sartre.

Embora tenham sido descritos como “o casal perfeito”, Sartre só era liberal e igualitário em algumas atitudes.

Criticou muito do que ela escrevia e, quando ele fazia isso, ela geralmente jogava os textos fora.

Imaginem o que o feminismo teórico perdeu por causa desse “macho tóxico”.

Inclusive ele costumava dizer que “ela é inteligente como um homem”. 

Terceira onda

Quem anuncia esse acontecimento pela primeira vez o termo “terceira onda” foi Rebecca Walker, nos anos 90.

Filha de uma ativista radical, negra, Rebecca vai ser a “Camille Paglia” da terceira onda (veja mais abaixo).

Podemos dizer que sua defesa maior é pela educação, que considera a condição sine qua non para a mudança de qualquer sociedade.

Com ela, pela primeira vez, as então feministas classe média branca percebem que há outras mulheres no mundo: existem negras, pobres, indígenas, transgêneros etc. 

Além de Rebecca, outras expoentes dessa maré são Betty Friedan e Gloria Steinem, cada uma a seu modo.

Friedan vai questionar a ocupação da chamada “dona de casa” e impulsionará o feminismo também às mulheres judias. É uma das grandes dessa história. 

Porcos chauvinistas

É na terceira onda que surge o termo “chauvinismo” passará a ser usado com a combinação “porco” e que será usado dali em diante, incorretamente, como “macho escroto” (quarta onda).

A palavra tem origem em um soldado francês xenófobo e puxa-saco de Napoleão.

Também continua nesse momento o “racha” entre muitas feministas dessa onda com relação à prostituição e à pornografia.

Camille Paglia, a pensadora, ensaísta e feminista (sim) virou persona non grata no movimento só porque disse:

Camille Paglia

Não dá para cobrar perfeição dos homens, como se estivéssemos no escritório.” Paglia, Camille

Quarta onda

Esse movimento nasce e ainda vive nas redes sociais, principalmente.

De uma maneira mais assertiva, mulheres começam a atacar e defender a punição mais pesada para assédio sexual e o “estupro”. Com toda razão.

É justamente nas redes sociais que elas levantarão contra o assédio sexual e moral, desencadeando uma reação mundial sem precedentes contra o machismo.

Em 2017, surgirá nas redes o movimento “Me Too”. Eu considero a quinta onda.

Esse é o tema do próximo texto “Breve História do Feminismo e do Femismo”

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