Você pode sair do cinema com sentimento de dúvida após ver ao documentário “Uma Verdade Mais Inconveniente”.
O filme estreou esta semana nos cinemas.
A impressão é de que Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, que faz aqui a continuação do primeiro filme lançado cerca 11 anos atrás, só bate na mesma tecla.
E é verdade.
FILME BEM PRODUZIDO, MAS…
Ok. Bem-feito, bem produzido e, principalmente, bem apresentado por Gore, um defensor pioneiro de mudanças profundas da matriz energética nos EUA e no mundo, o documentário é didático, tanto verbal como graficamente
Resumindo, Gore (e grande comitiva) defende que o uso de combustível fóssil e o desprezo pelos problemas decorrentes disso e da poluição, vão acabar matando o planeta.
Alguém tem dúvida que essa queimação de petróleo, gás e carvão está fazendo mal à Terra?
Não, claro que não. O único problema (gigantesco) é que após quase duas horas de um discurso aparentemente equilibrado sobre causas e efeitos dessas mudanças climáticas que grassam pelo mundo, Gore e sua equipe não dão um único pio sobre a responsabilidade da cultura agropecuária em tudo isso.
Sem querer ser politicamente correto ou pregar o vegetarianismo, é inacreditável que os eternos “salvadores do planeta” continuem mudos diante dessa emboscada que é a cultura “carnívora” mundial.
Uma cultura que não tem lógica, inteligência e menos respeito ainda ao meio ambiente (ainda nem vamos falar sobre os maus-tratos e crueldade com animais).
Qual a lógica –exceto a financeira– de se produzir bilhões de toneladas de alimentos para alimentar animais que por sua vez vão nos alimentar?
CHEGA DE CHURRASCO
Por que enquanto vamos mudando a matriz energética, ajudando a Índia a instalar usinas solares, a gente também não COMEÇA ao menos a PENSAR em mudar esta nossa matriz alimentar insana?
Eu não estou pedindo que você vire vegetariano, algo que eu também não sou.
Mas se um trabalho de conscientização começar agora talvez nossos tataretos o sejam.
E aí teremos um mundo em que não será mais preciso destruir parte do planeta simplesmente para alimentar outros seres vivos que vamos MATAR para depois levar à grelha e, posteriormente, ao bucho.
Claro, vamos reduzir a emissão de poluentes. Vamos diminuir esse ralo de queima de petróleo. Vamos insistir que EUA, Índia e China comecem a usar energias alternativas, como a solar ou eólica, e assim ajudem suas grandes cidades a pelo menos ver um pedaço de céu azul –em vez de cinza.
Mas, que tal discutirmos também esse sistema e essa cultura carnívora e agropecuária que destroi solo, polui o ambiente e, convenhamos, não tem futuro e tampouco humanismo?
Entendo que o ser humano é um organismo com presas, o que por si já indica que é ancestralmente um caçador e comedor de carne.
Mas, talvez seja o momento de subirmos um degrauzinho na escala evolutiva –começando por ao menos PENSAR em reduzir essa matança e encontrar novos rumos alimentares para a humanidade.
NADA SOBRE NOVAS TÉCNICAS
Que tal falarmos um pouco sobre a famosa técnica do plantio direto, e discutir os efeitos negativos de séculos de lavoura arcaica que não só revolve a terra como a enfraquece?
Miami é a cidade que corre mais risco de ser destruída pelo mar subindo? A Flórida corre risco de afundar? A ilha no oceano Índico está sendo evacuada porque está sendo engolida pelos furacões e o mar?
Ok, mas e o que nós estamos engolindo? Não tem nada a ver com isso?
Esse é o ponto central que faz do documentário “Uma Verdade Mais Inconveniente” algo muito útil do ponto de vista científico, mas que só vê só uma parte do problema que se propõe a discutir.
Obs 1: para um pouco mais de informações, veja o documentário “Cowspiracy”, no Netflix.
Obs 2: Donald Trump já tirou os EUA do acordo climático de Paris no ano passado, sabotando anos e anos de trabalho de Gore.
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Assista ao trailer de “Uma Verdade Mais Incoveniente”
https://www.youtube.com/watch?v=dv9M1IXfcI0