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Crítica: Fraco, Nada a Perder se sustenta só com atuação de Petrônio Gontijo

Mesmos os críticos mais ferrenhos da Igreja Universal e de sua teologia não podem negar: Edir Macedo tem uma relevância histórica não só para o pentecostalismo, mas também a comunicação e a TV brasileira.

Se ele vale um filme? Claro que sim.

Como Silvio Santos, Roberto Marinho, Johnny Saad ou Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho, Macedo tem uma história polêmica e rica em fatos, que poderia muito bem chegar às telas.

Além disso, a biografia do líder da Universal já estava pronta havia anos e foi muito bem escrita por Douglas Tavolaro. Considero o primeiro livro da trilogia, inclusive, o mais interessante.

Dito isso, chega a ser curioso como o filme “Nada a Perder”, que chegou aos cinemas na última quinta, jogou fora a oportunidade de fazer um trabalho no mínimo aceitável para o público cinéfilo sendo que o grosso do trabalho já estava feito.

FALTA SENSO CRÍTICO AO FILME

Ao menos este primeiro (será lançado outro provavelmente em 2019) é definitivamente um filme irregular, mal adaptado, e chega a ser exasperante de tão lento e bajulador que é. Não precisava de nada disso.

Talvez esse seja o problema fundamental que deu origem a todos os outros: desde o princípio quiseram fazer um filme elogioso, “pro chefe”, e sem o menor senso crítico.

Macedo não tem defeitos. É um menino bom perseguido por bullies, é um jovem idealista ridicularizado pelos colegas, é um cristão puro que só tem virtudes.

Os primeiros 35 minutos do filme são tudo que há de errado e clichê no cinema: a trilha incômoda e constante antecipando as cenas, um texto forçado que parece ter sido decorado às pressas, e atores centrais sem estofo necessário para o trabalho.

Na sala em que assisti (tinha só 8 pessoas, mas foi uma exibição às 12h10), notei presentes bocejando e bufando neste início do longa (inclusive eu).

Vamos começar por uma constatação pessoal:  a escolha dos dois jovens atores que interpretam Edir Macedo em sua infância e juventude não convence.

Não vou dizer que são maus atores –seria leviano da minha parte–, mas definitivamente não compuseram o personagem de uma forma minimamente verossímil.

O ator adolescente que faz Edir Macedo não se parece em NADA nem com o Edir criança e muito menos com o Edir adulto (Petrônio Gontijo).

PETRÔNIO GONTIJO

Esse, sim, desequilibra (a favor). O filme só decola mesmo quando Gontijo entra em cena.

Se seus antecessores decepcionam, esse ator ao menos parece ter “incorporado” a personalidade e o gestual de Macedo desde a primeira cena.

É um ator experiente, brilhante, versátil e corajoso, já que assumiu uma das tarefas mais difíceis na história do cinema nacional. Em qualidade de atuação, eu igualaria Gontijo ao trabalho de Marco Ricca na pele de outro midas da TV: Assis Chateaubriand.

Gontijo tira 10 com louvor da primeira à última cena. Está realmente incrível.

OUTRO FORMATO

Pessoalmente, porém,  eu faria a estrutura do filme de forma radicalmente diferente: começaria com Macedo já adulto (Gontijo) e lançaria esses tediosos 30 minutos iniciais de memórias de infância e juventude de forma esparsa pelo resto da história.

Mas, eu não sou o cineasta, sou apenas o crítico dando um pitaco absolutamente pessoal numa obra pronta.

É muito mais fácil criticar que fazer, é óbvio.

Mas, este é meu trabalho e a função do site Ooops: dar opinião sobre cinema para que você decida se vale ou não ver o filme.

Eu diria que só por Gontijo em cena, vale a pena, sim.

Vamos ver a continuação de “Nada a Perder”, que deverá dramatizar o período de expansão da Universal e também mostrar os ataques da Globo a Macedo (e vice-versa).

Filme: Nada a Perder – A História de Edir Macedo

Onde: em um terço das salas de cinema do Brasil

Avaliação: Fraco ?

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Assista ao trailer de “Nada a Perder – A História de Edir Macedo”