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Biografia de Bruce Dickinson surpreende com ausência de clichês do rock

Sou um tanto obcecado por biografias de músicos e artistas de forma geral. Em casa, entre artistas clássicos e contemporâneos, devo ter uns cem livros que li nos últimos cinco anos.

Pode-se imaginar, portanto, que quando comprei “Bruce Dickinson – Uma Autobiografia” eu não esperava muita coisa diferente de tudo que já vi, especialmente no mundo do rock.

Ledo engano.

Que surpresa adorável o livro lançado recentemente pela editora Intrínseca.

Ao contrário de outros ícones como Keith Richards, Freddie Mercury, Eric Clapton, Pete Townshend e Steven Tyler, entre outros, Bruce Dickinson não tem as famosas histórias de terror e descontrole para contar.

Em seu livro, Slash relata que ficava injetando alternadamente heroína e cocaína na veia até começar a ver um vulto preto saindo dos rejuntes dos azulejos para atacá-lo. Também chegou a ter uma overdose de metadona.

Ozzy, no fundo do poço, bebia até três garrafas de conhaque Hennessy por dia, e relata que  cheirou, além de pó, até uma carreira de formigas.

Ronnie Wood chegou ao fundo do poço com a cocaína, mas arrumou uma pá e cavou um pouco mais até se viciar também em crack.

BRUCE DE CARA (QUASE) LIMPA

Já o senhor Dickinson nunca foi viciado em nada disso. Nem sequer maconha ele diz gostar. Muito menos cigarro.

Sim, ele admite que sempre gostou de umas cervejas, mas nunca se apresentou bêbado ou chapado (ao contrário de Slash, que certa vez deu um “mosh” no meio do nada num show e se espatifou no chão).

O cuidado do vocalista do Iron Maiden com a voz superou sempre qualquer tendência à loucura do showbusiness. E, vejam só o destino, mesmo assim “ganhou” um câncer na laringe, cabeça e pescoço (veja mais abaixo).

Bruce também não tem –ou não revela– histórias de putarias homéricas com fãs ou namoradas. Muito menos há relatos de destruição de quartos de hotel ou badernas públicas.

No máximo, fez uma provocação midiática contra o Mettalica (“nós somos melhores”) e causou um rebuliçozinho passageiro no mundo metal.

Comedido, ele jamais torrou milhares de dólares em festas de arromba. Não trocou socos com fãs ou inimigos. Aliás, nem sequer tatuagens ele tem, o que o torna ainda mais único na profissão.

Alguém até pode dizer: ah, mas que sem graça deve ser esse livro!

Nada disso. É justamente isso que torna sua autobiografia tão especial, preciosa e cativante nesse mundinho repetitivo e mecânico do rock.

Esse inglês não é um clichê ambulante. Pelo contrário. É uma personalidade singular.

Enquanto outras “lendas” do rock se destruíam em egotrips, drogas químicas, álcool e descontrole total, Dickinson aproveitava as turnês do Iron Maiden pelo mundo para aprender a usar melhor voz e entonação,  em escrever, praticar esgrima (é exímio nesse esporte) e tirar seu brevê de piloto profissional.

PAIXÃO POR FLORETES E AVIÕES

Apesar de milionário, o máximo que fez foi gastar dinheiro comprando um avião Cessna –e depois um Fokker– para praticar pilotagem.

Definitivamente, nunca se deixou deslumbrar pelos milhões de libras que ganhou. Generoso, se ofereceu para comprar o equipamento de um amigo em dificuldades e desiludido com a música, com a condição de que o amigo usasse tudo gratuitamente sempre que precisasse.

O que o livro revela, na verdade, é que Bruce sempre foi o membro mais distante do Iron Maiden, graças também às asas onipresentes de Steve Harris –o baixista e “dono” da banda.

Focado é a palavra que melhor define esse vocalista, seja como humano ou como artista.

A DOENÇA

Mesmo assim o livro é recheado de momentos dramáticos, como alguns incidentes aéreos que ameaçaram sua vida, ou quando ele descobriu que tinha um tumor na laringe.

Um tipo de tumor igualzinho ao matou quatro amigos mais ou menos no mesmo período.

Os últimos dois capítulos são dolorosos. A luta de Bruce contra o câncer (ou cânceres), a perda do paladar, a dor excruciante ao ponto de ter de tomar morfina oral, são de partir o coração. Mas sua briga –e sua vitória– são redentoras.

Trata-se de um livro obrigatório não só para fãs do Iron, mas da música como um todo.

Eis um artista realmente talentoso, criativo, cuidadoso com seu instrumento de trabalho –a voz– e alguém que realmente vale a pena ler. E ouvir, claro.

Livro: “Bruce Dickinson – Uma Autobiografia” #BruceDickinsonUmaAutobiografia

Editora Intrínseca: 318 págs.

Avaliação: Excelente ?????

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