“Bohemian Rhapsody” estreou nesta quinta-feira (1º) nos cinemas com a intenção evidente de homenagear a banda Queen e Freddie Mercury. Porém, sem exagerar nos detalhes sórdidos, se é que me entendem.
Antes de continuar o texto já vou antecipar que avaliei o filme com quatro estrelinhas (ótimo) e vou explicar o porquê fiz isso para um filme cinematograficamente limitado, bem asséptico e que parece feito para a TV.
Porque ele retrata com bastante honestidade um dos maiores artistas, e na minha opinião o maior front man do rock de todos os tempos.
Já sei, já sei, muita gente vai falar: “Aiiin, mas e o Mick Jagger?” Bom, esse eu colocaria em 3º lugar no ranking, atrás do Steven Tyler. Desculpem, mas lembrem-se que é tudo questão de gosto pessoal.
A meu ver a música do Queen é atemporal, perfeita harmonicamente; melodiosamente universal.
Se um dia a Nasa for lançar mais um foguete com objetos terráqueos destinados a preservar a memória da humanidade, eu sem dúvida sugeriria o CD de “A Night of Opera”.
Ou o DVD com o show do Queen em Wembley em 1986. Ambos são experiências sensoriais que afetariam até o alienígena mais cascudo e sem coração.
No começo do filme é um tanto estranho aceitar que o ator Rami Malek é Freddie, pois sua composição foi um tanto exagerada.
Mas, Malek encarna com tanto vigor o papel, de uma forma tão profunda, que o público embarca com ele na viagem.
Além disso o personagem também sofre uma lenta e delicada transformação física na tela no decorrer da história.
BOHEMIAN RHAPSODY
Se o filme tem problemas? Claro que sim. É um tanto raso, é comercial e deixa de lado muitos momentos importantes da vida e da morte de Freddie.
A luxúria do fundador do Queen, por exemplo, é subestimada. Assim como seu consumo sistemático de drogas e álcool em gigantesca escala. Essas duas coisas foram pilares da carreira de Freddie, e poderiam ter mais espaço na obra
O filme também passa ao largo de outra compulsão do vocalista, que era fazer compras. E compras de enorme bom gosto, vale dizer.
Freddie acumulou milhões de libras em objetos de arte.
Chegou a gastar tanto que a operadora de cartão de crédito certa vez bloqueou seu cartão “Ilimitado” para checar se ele estava realmente em sã consciência na quantia que estava gastando durante uma turnê no Japão.
No longa também só uma menção de relance ao tamanho da generosidade de Freddie com seus amigos, a quem enchia de presentes.
“Bohemian Rhapsody” parece ainda ser pouco crítico com Mary Austin, primeira namorada de Freddie antes que ele se assumisse, primeiramente, bissexual, e depois apenas gay.
Mary, saibam senhoras e senhores, herdou toda a fortuna do cantor quando ele morreu aos 45 anos em novembro de 1991.
Pelas biografias que já li a respeito, Freddie de fato tinha uma enorme sintonia com Mary, mas também muita culpa.
Compreendo como ela foi retratada, já que Brian May e Roger Taylor são produtores executivos do filme e certamente Mary também se envolveu na produção.
Por outro lado o filme esconde completamente a enorme importância que o ex-barbeiro Jim Hutton teve na vida e, principalmente, e nos momentos finais do cantor.
FILME VALE O INGRESSO
Mas, no balanço geral, confesso que acabei o filme às lágrimas. Em vários momentos fiquei completamente arrepiado. E olhem que sou exigente e me considero um excelente conhecedor da história do Queen e de Mercury.
O Queen faz parte da minha vida desde que surgiu. E tem sido trilha sonora dela nos bons e maus momentos.
Então, saí do cinema achando que vi –e principalmente ouvi– muito mais que um mero filme sobre rock ou sobre um rockstar.
É sobre música feita com a alma. Sobre uma voz única, e uma banda inesquecível. Foram quatro virtuoses, excelentes músicos, e criaram também muitas novas técnicas de gravação que bandas copiam até hoje.
Mesmo sendo comercial é um filme de arte. E arte pura.
Filme: “Bohemian Rhapsody”
Onde: Em cartaz nos cinemas
Avaliação: Ótimo ????
Veja outras críticas de cinema no site Ooops