A passagem de líderes soviéticos do século passado sempre rende bons filmes: seja de forma séria, como “Taurus”, de Aleksandr Sokuróv, ou como a comédia “A Morte de Stalin”, ora em cartaz nos cinemas.
“A Morte de Stalin”, do diretor Wolfang Becker, é uma comédia tão escrachada que, em muitos momentos, poderia lembrar ou ser transformada em um episódio pastelão de “Sai de Baixo”.
ARTE REPETE A VIDA
A única diferença é que, infelizmente, o tema é real, mais pesado e imensamente trágico.
A despeito de ser uma sátira, o filme mexeu com os brios russos, e vem despertando ira e paixões extremadas naquele país.
A obra foi proibida na Rússia, sendo classificada como “insultuosa”. Justo os russos, um dos povos mais dados a piadas no mundo, não engoliram essa.
Se o denso “Taurus” aborda os momentos finais de um Lênin caquético e já babão, esta palhaçada (lançada em 2017 e que só agora chega aqui) se situa na agonia final de Josef Stalin (1878-1953), logo após sofrer derrame.
A MORTE DE STALIN
O Stalin (o ator Adrian McLoughlin) do filme não é muito diferente do verdadeiro: um tirano sanguinário, sádico e perverso, que se divertia ao fazer listas de “camaradas” que deveriam ser assassinados.
Inclusive é sabido que uma de suas grandes satisfações era fazer com que os condenados soubessem antes que seriam mortos. Além de mandar matar, causar terror era seu grande prazer.
No filme –assim como na história real–, porém, ninguém se salva.
O ditador é cercado de escórias falsamente socialistas, iguais ou ainda piores que ele.
TODOS SÃO VERMES
E, no momento em que Stalin passa desta para a melhor, todos se engalfinham numa tenebrosa luta pelo poder –sempre travestida de algo “em nome dos interesses do povo”.
Embora macabras, são hilárias principalmente algumas cenas de fundo em que presos estão sendo torturados ou mortos enquanto os líderes caminham tranquilamente no cenário dando ordens ou criando apenas intrigas com os demais “camaradas”.
O filme se centraliza especificamente na luta encarniçada pelo poder entre Nikita Khrushev (um fantástico Steve Buscemi) e Lavrentiy Beryia (o ator Simon Russell Beale, também em grande atuação).
Mas, sem exceção, todos os coadjuvantes fazem rir. Não é a melhor comédia do mundo, mas é um filme de terror divertido.
A única tristeza é que quase tudo ali aconteceu realmente de verdade.
Filme: A Morte de Stalin (comédia)
Onde: Em cartaz nos cinemas
Avaliação: Muito Bom ???
Veja outras críticas de cinema no site Ooops
Assista ao trailer de “A Morte de Stalin”
https://www.youtube.com/watch?v=Y5ULqtyZuxo