De vez em quando o cinema norte-americano nos brinda com filmes de uma enorme profundidade e humanismo. Esse é o caso de “A Melhor Escolha”, que entrou em cartaz na última quinta-feira.
De forma rara, o filme tem três atores protagonistas e todos têm um exército de fãs nascidos em três obras: Steve Carell –pela série cool “The Office”–, Bryan “Breaking Bad” Cranston e Laurence Fishburne, imortalizado em “Matrix”.
Os três são ex-fuzileiros que combateram juntos no Vietnã e guardam segredos e esqueletos no armário (sem falar no que despacharam de vietcongues).
Mais raro ainda é que esse improvável trio está afinado a tal ponto que, graças a ele, o filme se torna uma mesmerizante viagem. Sim, muito lenta, pois é um filme de cadência vagarosa. MAs também dolorosa, engraçada, sarcástica e totalmente crua.
VIDA OU PESADELO?
Resumindo: Larry Doc (Carell) aparece após quase 40 anos no bar de Sal (Cranston). Faz tanto tempo que o barman nem sequer o reconhece. Após o reencontro, ambos vão para uma cidade próxima para se reunir ao terceiro membro do time de fuzileiros, Mueller (Fishburne).
Então é revelado o motivo da súbita aparição de Larry: sua vida é um pesadelo. Alguns meses atrás ele perdeu a mulher, de câncer, e dias atrás foi avisado que perdera também o filho militar numa emboscada no Iraque.
Larry quer recepcionar o corpo do filho e convida os ex-praças para ajudá-lo.
Vou repetir para depois o leitor não vir com mimimi: é um filme lento, denso, carregado, mas fascinante. E Carell está tão absorvido pelo seu personagem quanto esteve em outro longa pesadão que protagonizou, “Foxcatcher”.
RIA SE FOR CAPAZ
Se é uma comédia? Talvez, mas esqueça isso.
Cranston, para ser sincero, é quem mais brilha em falas e gracejos, mas somente porque seu personagem é o mais cínico (e também alcoólatra)..
Os três amigos guardam segredos e vergonhas da guerra no Vietnã, e a saga para enterrar o filho de Larry fará com que tudo que foi jogado embaixo do tapete volte para atormentá-los.
A própria morte do soldado também traz à tona outros podres das guerras, sejam no Iraque ou na Conchinchina.
É um filme que pode incomodar muita gente, já que seu assunto principal é a morte; e o assunto secundário é a verdade por trás dela.
Esperem um pouco… Na verdade, o desfecho mostra que “A Melhor Escolha” é sobre a vida independentemente se ela já deixou a Terra.
E sobre como Deus se manifesta por caminhos misteriosos.
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