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Cinema: “O Retorno do Herói” ri da mentira e da covardia

Crítica da comédia francesa "O Retorno Do Herói", por Ricardo Feltrin, site Ooops

“O Retorno do Herói”, comédia francesa em cartaz nos cinemas, parece teatro. Aliás, seria facilmente adaptável para uma comédia no palco.

Cada cena, cada quadro, cada frase de cada ator e atriz mostram a preocupação fotográfica, de marcação e de estética do diretor Laurent Tirard.

Em sua 1h30, é como se tudo estivesse sendo encenado num palco, como uma ópera bufa, tendo como tenor Jean Dujardin (o picareta e covarde Captain Neuville) e como soprano Mélaine Laurent (a ardilosa Elisabeth).

Para quem não lembra, Jean Dujardin fez o premiadíssimo “O Artista” (em 2011, ganhador de 5 Oscars) e na sequência o hilário “Os Infiéis” (2012).

Resumindo sem (muito) spoiler: o capitão do exército francês Neuville pede em casamento a mimada, histérica e ricaça Pauline (Noémie Merlant), mas é convocado às pressas para a guerra antes  de consumar o laço.

Ele faz mil juras de amor à amada, mas depois que vai à guerra logo desaparece sem dar mais notícias.

Pauline é uma personagem totalmente histérica e cômica, e sofre tanto com o silêncio do amado que fica quase entre a vida e a morte.

No entanto, para salvá-la, sua irmã, Elisabeth, começa a escrever e mandar cartas como se fosse Neuville.

O problema é que ela perde o controle das coisas, porque o ex-cunhado vagabundo desaparece mesmo,  e Pauline e toda a família acabam enredados na enorme mentira que a própria Elisabeth criou.

Aparentemente cansada  de ficar inventando um “mito” (um Neuville heroico), Elisabeth acaba enviando uma “última carta” do capitão a sua irmã, como se ele estivesse cercado, ferido e à beira da morte.

O RETORNO DO HERÓI (PICARETA)

O problema é que o picareta volta três anos depois, só que agora Pauline está casada com outro e com filhos.

O filme vai a partir daí, de forma graciosa, para uma comédia francesa inteligente e mesmo “classuda”.

Há algumas cenas hilárias e muitas ironias aos clichês do próprio cinema, como uma sequência de um duelo ao amanhecer com direito a música de caubói e um corvo grasnando ao fundo.

Ou outra cena hilária e metalinguística dos tempos atuais, em que Neuville faz uma afirmação extremamente machista a Elisabeth, ao que ela responde:

“Estamos em 1812, não na Idade Média. Não seja tão preso a esses preconceitos (machistas)”

Falando em igualdade de gêneros, a atuação de Mélanie Laurent como Elisabeth rivaliza e em muitos momentos até supera a de Dujardin.

Enquanto o famoso ator tem uma atuação meio que de “palhaço” (como quase sempre), Laurent é uma atriz mais preocupada e atenta com expressões faciais, olhares e bufadas fofas.

O filme também parece ter um momento de aparente insegurança –a repetição de uma mesmíssima cena sexual com Dujardin (inclusive com o mesmíssimo enquadramento)  que já havia aparecido em “Os Infiéis”.

Apesar disso, no final o público tem uma mistura bem interessante e algo engraçado e que o fará rir, embora não seja brilhante.

Mas, não deixa de honrar as boas comédias francesas do século 21.

Filme: “O Retorno Do Herói” (2018)  #ORetornoDoHeroi

Onde: Em cartaz nos cinemas

Avaliação: Bom ??

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Veja o trailer de “O Retorno Do Herói”, de Laurent Tirard