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Como eu ganhei (muito) dinheiro com a Lava-Jato

Não é preciso ser um gênio para saber que existem pouquíssimas formas de você ganhar muito dinheiro em pouco tempo. Criar uma invenção genial, ser sorteado num prêmio na Mega Sena, receber uma herança ou se arriscar na Bovespa são, que eu saiba, as únicas formas.

Isso mesmo. Sempre entendi que a terceira opção –Bovespa– lembra, vá lá, um jogo, mas tem uma vantagem clara sobre os demais jogos: a chance de você ganhar é infinitamente superior a qualquer outro.

Com dedicação, interesse, leitura atenta e acompanhamento do mercado e sobre o perfil das  empresas listadas na Bovespa é possível, sim, faturar um bom dinheiro em pouco tempo. Todo esse material de estudo está na internet, se você estiver disposto a buscá-lo.

A história que quero compartilhar é que valeu a pena aprender a aplicar na Bolsa. Graças a isso ganhei uma segunda boa fonte de renda, além do jornalismo. E o fiz sem recorrer a nenhum gênio dos investimentos. Tudo que relatarei a seguir fiz de dentro da minha casa e praticamente sozinho.

ERA UMA VEZ…

Vamos lá, para contextualizar…

Eu faço pequenas aplicações na Bolsa ao menos desde 2005. Nunca apliquei muito nos primeiros anos. Ora 5 mil reais, ora 10 mil reais, 15 mil reais no máximo…. Comecei aplicando em um leque de empresas. Comecei não só a me dedicar, como a gostar.

passei a ler o máximo que pude sobre mercado de ações (inclusive internacional) e sempre ouvia a sabedoria dos meus conhecidos jornalistas de economia (por dez anos foi editor-chefe da Folha na internet). Mas, basicamente, a leitura é tudo.

Escolhi um punhado de ações  como aprendizado,  para entender o negócio. E passei dez anos aprendendo os mecanismos. Devo dizer que, de cara, nesses 10 anos, já ganhei um dinheirinho. Era pouco, mas me deu visão de como o mercado de ações reage às notícias e aos fatos. Nunca tirei isso da mente.

Eu sabia que tudo era questão de paciência, então um dia a grande chance chegou na forma da operação Lava-Jato.

Aí preciso dizer que ocorreu não o fator sorte, mas o estar atento.

Além das ações que eu comprava, eu mantinha outras cinco ou seis empresa sempre na mira, lendo tudo que podia sobre elas e acompanhando suas ações. Essas cinco ou seis empresas eram aquelas que eu já tinha identificado grande potencial de lucro. Então com a Lava-Jato, o azar de uma empresa envolvida no escândalo foi minha sorte.

A Braskem era uma das cinco ou seis ações que eu tinha em minha cesta de desejos. Por ser apaixonado por química desde criança, inclusive com formação técnica (em química cerâmica, pelo Senai), sempre me interessei pelo setor, e a Braskem sempre foi uma empresa admirável. Não por suas ações reptícias nos bastidores do poder e do mercado, mas pelo brilhantismo de sua equipe técnica, por sua tecnologia.

13 DE MARÇO DE 2015

Eu já vinha acompanhando muito atentamente que, desde 2014, o valor das ações da Braskem já não pareciam muito “lógicos” diante de seu patrimônio e sua saúde financeira. A companhia estava se espalhando pelo mundo, ampliando sua planta industrial, em cada canto à minha volta que eu olhava, seja em casa ou na rua, eu via algum composto da Braskem…

Para mim isso deixava claro que era uma empresa com valor físico. Se QUASE tudo que eu olho tem alguma coisa feita por uma só empresa (polímeros e biopolímeros, etc. etc), então ela já merece ter um valor concreto diante da minha atenção. E conta-corrente.

A BRK5 (nominação da ação na Bovespa) vinha caindo, como eu disse. Em novembro de 2014 a ação valia R$ 19,45. Dois meses deu vi que ela já havia caído para R$ 12,13, arrastada pela desconfiança em qualquer coisa ligada ao nome Odebrecht.

Então naquele 13 de março de 2015 foi o dia em que a Braskem “derreteu” na Bovespa (pra usar um termo-clichê do quase sempre mal preparado jornalismo de economia). Estava acusada de corrupção, de ter manipulado compra de nafta, suspeita de corrupção das bravas, e naquele dia a ação chegou a a valer R$ 10,35. Foi quando eu decidi: é isso, chegou minha hora.

Os trâmites para efetuar a compra acabaram me atrasando em 24 horas, mas eu paguei ainda incríveis R$ 11,19 por cada ação.

Usei uma parte de minhas economias, R$ 100 mil, com os quais comprei 8.900 ações da Braskem “derretida”. Foi uma aposta? Não senti assim. E mesmo se fosse, uma voz interna e confiante me dizia que eu estava ali para ganhar.

AÇÃO MAIS QUE SÓLIDA

Nunca tive um só instante dúvida de que estava fazendo a coisa mais certa do mundo. Não é só o fato de a empresa Braskem ter “materialidade” na vida das pessoas. Eu já tinha lido os balanços da empresa. Sabia que era uma usina de receitas, que estava em expansão, que o perfil da sua dívida era extremamente coerente e alongado, e que as dívidas estavam longe de sequer assustar.

E ainda havia os novos investimentos: a tal fábrica no México que estava atrasada (mas em construção), plantas e interesses diretos de outros países, como Estados Unidos e Alemanha; novas plantas em perspectiva… mas não só isso.  

Se havia risco? Claro. Havia um escândalo monstruoso de corrupção que poderia envolver a empresa do grupo Odebrech (barra Petrobras), mas eu via que o valor agregado e sua saúde financeira não permitiriam que ela sumisse.

Claro, imagine se um terremoto ou um acidente ou um meteoro cair na planta de uma fábrica. Obviamente o valor cai. É como uma empresa aérea, quando um de seus aviões cai.

Eis o grande risco de investir (ou arriscar, como queira) nas ações listadas na Bovespa: um acidente, seja ele cataclísmico ou corporativo –que era o caso da empresa.

Só que no caso da Braskem, de uma empresa como aquela, além das receitas já sabidamente poderosas eu estava ciente do tipo de cérebros que havia por trás: engenheiros, químicos, gênios da bioquímica orgânica,  inorgânica, físicos, enfim, meus ídolos da infância.

Como amante da química, sempre soube que o que a empresa produzia parecia ser algo primário, mas não: é pura genialidade e manipulação e controle dos materiais. É 100% tecnologia.

Olhe à sua volta agora, esteja em casa ou na rua. Você SEMPRE vai ver algum objeto perto ou longe que contém nem que seja uma gota de DNA da Braskem. Pra começar, quase tudo que tem plástico.

Eu sabia que aquela era minha oportunidade.

Pergunta possível do leitor:

Mas e se a Braskem estivesse tão enredada com corrupção que estivesse à beira da falência? Eu sabia que não estava pelos balanços. É uma empresa de capital aberto. Ela estava sendo acusada de conluio em mecanismos para lucrar mais (desonestamente), mas não para esconder perdas. Mesmo porque as receitas sempre foram brilhantes.

O pior que poderia acontecer a ela seria um dia ela vir a ser comprada por outra megaempresa. E nesse caso a ação também dispararia, certamente. Perder, eu não perderia nada.

Resumindo: eu estava certo. Nove meses depois do “derretimento”, ainda em dezembro de 2015, a ação da Braskem que eu havia pago R$ 11,19 já estava valendo mais de R$ 29. Mas eu sabia que isso ainda era pouco.

Aguentei todos os solavancos de 2016, idas e vidas das delações, fecha ou não fecha acordo de leniência, mas as ações nunca mais caíram.

No último dia 13 de janeiro, também vi a oportunidade de descer do barco com meu tesouro: a ação chegou ao seu valor máximo, e foi por ele que eu a vendi: R$ 36,63. Um dos motivos que muitas pessoas perdem na Bolsa é não saber a hora de parar. Eu soube.

No intervalo entre a compra em março de 2015 e a venda em janeiro de 2017, eu recebi de dividendos mais de R$ 25 mil (ps: isentos de imposto de renda).

Então, além desses R$ 25 mil, após 22 meses, meus R$ 100 mil reais haviam virado cerca de R$ 326.000,00. Paguei de Imposto de Renda sobre o meu lucro na alíquota de 15%, ou exatos R$ 33.698,22.

Ou seja, somados lucro e dividendos, meus R$ 100 mil viraram R$ 317.309,00 LÍQUIDOS em apenas 22 meses.

Grosso modo, foi como se nos últimos dois anos eu tivesse ganho R$ 10 mil por mês da Bovespa, e tivesse guardado num cofre.

Eu só consegui isso porque me interessei, porque me dediquei, porque fui além das informações do, infelizmente cada vez mais comum jornalismo genérico e limitado sobre o mercado de ações (com raras exceções como meus companheiros Valor Econômico e a Bloomberg).

Eu acreditei e aprendi  que Bolsa não é um cassino, mas uma oportunidade para quem se esforça em aprender. E, claro, se arriscar um pouco.

Em próximos textos, se vocês gostarem, vou dar mais dicas para quem quer começar a aprender a mexer com ações.

facebook, twitter e instagram: @feltrinoficial

Imagem que demonstra quanto paguei de imposto (DARF) pelos lucros na Bovespa (mais de R$30.000,00)
Quanto paguei de imposto (DARF) pelos lucros na Bovespa (excluídos os dividentos, que são isentos)

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