Em cartaz desde a última quinta-feira, o longa “Berenice Procura” é desde já uma das boas produções do cinema nacional em 2018.
Com Cláudia Abreu como protagonista, “Berenice” é uma adaptação para a tela do livro de Luiz Alfredo Garcia-Roza.
Na mídia em geral, tem sido classificado como um “drama”, mas eu considero que ele está mais para o suspense.
BERENICE PROCURA O QUÊ?
Casada com Domingos (Eduardo Moscovis), um jornalista policial sensacionalista e medíocre, Berenice perdeu o pai taxista. Em vez de se acomodar, decidiu ganhar seu próprio dinheiro, assumindo o táxi do pai.
Ela e Domingos têm um filho, Tiago (Caio Manhete), que tem toda a pinta de ser um nerd calado e esquisito.
Como ocorre no mundo real, o casamento de Berenice é uma cotidiana porcaria.
Seu marido é um machista cretino; seu filho é distante e ela já não sabe o que esperar do futuro. Daí talvez o fato de já se preparar tendo uma renda própria.
Além do drama dentro de casa, “Berenice Procura” trata da vida noturna em um nightclub carioca estrelado apenas por transexuais.
Um crime logo no início da trama será o novelo desfiado por cerca de 1h30.
DIRETOR CUIDADOSO
Aliás, abro aqui um parênteses para o diretor Allan Fiterman.
Porque desde o início do filme ele tem um cuidado muito grande não só com a narrativa (deixando dúvidas no ar para o espectador até os 45min do segundo tempo), mas, principalmente, com fotografia, focos e enquadramentos.
A história em si já é ótima e eletrizante, mas tudo melhora porque Fiterman faz uma direção muito delicada e envolvente, na verdade.
O segundo parênteses eu abro para Cláudia Abreu.
Embora seja seu admirador há anos, senti que em “Berenice” ela está, digamos, uma oitava ainda acima de outras atuações que já presenciei.
Logo que começa o filme ouvi um casal comentar: “Ah, tá! Tá bom que Cláudia Abreu convence como taxista.”
No final do filme o mesmo casal estava boquiaberto com o que acabara de ver. Não só com o final chocante, mas com Cláudia.
CLÁUDIA RARA
Eis uma rara atriz brasileira que consegue fazer, de forma tão natural que parece fácil, a transição de seu personagem de acordo com o andamento do roteiro.
Temos no início uma mulher ressentida com a vida, cansada do marido, culpada (pela distância com o filho) e, por fim, desesperada atrás da verdade.
No final há uma mulher que modificou até seu jeito de andar. É um daqueles detalhes discretíssimos que só uma artista brilhante consegue compor.
Sim, Claudia convence como taxista. E provavelmente com qualquer coisa que ela decidir interpretar.
É uma das melhores atrizes brasileiras e seduz o público em “Berenice Procura” –um filme simples, despretensioso, mas que representa o cinema nacional em sua melhor forma.
Filme: “Berenice Procura” #BereniceProcura
Onde: Nos cinemas
Avaliação: Excelente ?????