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Crítica: Filme Maria Madalena é belo, não sanguinário e até esclarecedor

Filmes com personagens bíblicos, como Maria Madalena, grassam na história do cinema e não raro deixam um rastro de polêmica e gente ofendida (geralmente sem motivo).

“Je Vous Salue, Marie” (de Godard, 1985), “A Paixão de Cristo” (Mel Gibson, 2004) e “Êxodo: Deuses e Reis” (Ridley Scott, 2014) são alguns exemplos de obras que causaram algum tipo de rebuliço.

O primeiro foi tratado como blasfemo e chegou a ter temporariamente proibida a exibição no Brasil; o segundo foi considerado antissemita até o tutano.

Já o terceiro, meio que ao contrário, teve seu diretor, Ridley Scott, acusado de reescrever a história transformando os judeus também nos heróis construtores das pirâmides do Egito –algo que nenhum arqueólogo sensato nem sequer imaginou.

MARIA DE MAGDALA

Do outro lado estão filmes como “Maria Madalena”, que entrou em cartaz na semana passada.

Poético, quase doce, a despeito da história de crucificação, o filme não deve causar desvarios, embora certamente não vá agradar a muitos católicos que ainda acreditam que a personagem-título foi uma prostituta consumada.

Vamos resumir, porque só no final do filme há um breve e esclarecedor adendo: Maria Madalena foi “declarada” puta apenas entre os séculos 6 e 7, pelo papa Gregório Magno.

Nem vou perder meu tempo tentando explicar o contexto histórico que levou ao pontífice a divulgar essa “fakenews”.

Um dos motivos para me poupar é que hoje existe um movimento muito ativo e revisionista dentro do catolicismo, dedicado a reescrever e transformar quase toda a história negativa da igreja em “pera, isso foi um mal entendido”.

Para esses revisionistas nunca existiu Inquisição, a igreja sempre foi santa, nunca teve déspotas, jamais mandou matar uma viva´alma na estaca, e tampouco perseguiu os que consideravam hereges.

É tudo intriga da oposição. Uma manobra para “demonizar” o sacrossanto catolicismo.

MARIA MADALENA, A PUTA?

Nesse sentido, dizem os atuais defensores revisionistas, o papa Gregório, vá lá, falou uma besteirinha que não poderia ter certeza e coisa e tal, mas  não fez uma súmula formal dizendo que Maria de Magdala era uma messalina piranhuda; que é preciso entender o momento em que o mundo e o papa Gregório viviam etc.

Enfim, sofismas de sempre.

A verdade é que “Maria Madalena”, dirigido por Garth Davis (do maravilhoso “Lion”) tem duas grandes virtudes: um tom esclarecedor e um elenco espetacular.

Esclarecedor porque demonstra mais uma vez como 2000 anos atrás boa parte dos judeus esperava que o tal Messias fosse um líder político e temporal, e não uma espécie de xamã e curandeiro da paz.

Já no elenco é difícil imaginar outra atriz, a partir de agora, que possa rivalizar a suavidade e profundidade do olhar de Rooney Mara.

No campo masculino a gente também a gente pensa: como diabos (com trocadilho, hein?) ninguém nunca pensou em Joaquin Phoenix para fazer o papel de Jesus? Está fabuloso, e como sempre minimalista.

Vá lá, não chega a ser uma filme maravilhoso, inesquecível, mas é, no mínimo, gostoso de assistir.

Nem pense em algo sanguinário como o que Mel Gibson deixou de legado.

Numa só palavra “Maria Madalena” é terno.

Independentemente se você se  considera religioso ou ateu não deve sair decepcionado da sala: é definitivamente um filme interessante.

Exceto, claro, se for mais um adepto do revisionismo histórico. Ou se preferir as aventuras conspiratórias de Dan Brown.

Filme: “Maria Madalena”

Onde: Em cartaz nos cinemas

Avaliação: Muito bom ???

Leia a outras críticas de cinema no fofíssimo site Ooops!

Saiba mais sobre o papa Gregório Magno no Wikipedia

Veja o trailer de “Maria Madalena”, dirigido por Garth Davis

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