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Crítica: Super-heróis negros de verdade estão no épico Mudbound

Assim como “Pantera Negra”, o longa “Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi” também trata de super-heróis. A única diferença é que os últimos são reais, em carne e osso.

O longa dirigido por Dee Rees poderia muito bem ser encaixado na categoria de épicos. É um imenso drama que mistura amor, guerra, miséria e racismo.

O filme começa pouco antes de os EUA entrarem na 2ª Guerra e se passa no delta do Mississipi, no racista sul dos Estados Unidos.

Ali, para boa parte da caipirada branca, ignorante e  hipócrita os negros não são considerados humanos. São uma espécie inferior e tratados como lixo.

O Mississipi é meio que uma terra sem lei. Ou melhor, com a lei das armas e dos brancos racistas.  Mas, acontece que os brancos também não se entendem lá muito bem entre eles.

A uma certa distância dali, o engenheiro Henry McAllan (o bom ator Jason Clarke), que pertence a uma família tradicional (e tem um pai racista também), se apaixona por Laura (Carey Mulligan e suas irresistíveis covinhas).

Eles se casam. Um belo dia Henry joga tudo para o alto e diz à mulher que comprou uma fazenda justamente no delta.

O casal vai acabar morando na casa secundária de uma fazenda; a questão das terras lá é uma verdadeira bagunça e Henry descobrirá isso ao chegar.

Nessas terras vive uma família de escravos, os Jacksons, que serão os lacaios de Henry e sua esposa. Eles ajudam no trabalho pesado e na colheita. 

POBRE RONSEL

Um dos Jacksons se chama Ronsel. Corta para o ataque japonês a Pearl Harbor.

Ronsel é convocado para lutar na 2ª Guerra.

Ele não só vai para a Europa enfrentar a desgraça nazista como é condecorado e chega à patente de sargento (é o espetacular ator Jason Mitchell que faz Ronsel).

Na volta para sua terra natal, Ronsel logo descobre que, a despeito de sua luta na guerra, o respeito que tinha como soldado não existe ali, onde a escória da Ku Klux Klan é quem manda.

Henry também tem um irmão, Jamie, que foi para a guerra e também volta condecorado (o ator Garret Hedlund). Será o único amigo branco que Ronsel terá na vida.

Em uma determinada cena, Ronsel é ameaçado de levar uma surra por 3 mentecaptos brancos (inclusive Henry e seu pai),  só porque estava saindo pela porta da frente de um armazém.

Naquela terra de merda isso é crime. Ali, como ele é negro, tem de sair pela porta dos fundos.

Ronsel simplesmente dá um “vrá” moral nos três. Enquanto ele foi para a guerra lutar pela liberdade, os três estavam no conforto de seus lares, desabafa.

Mais tarde ele será obrigado por seu pai a se desculpar pelo que disse, ao que o sargento negro e condecorado replica:

“É que eu não estou mais acostumado a fugir da luta, pai.”

“Mudbound” é um daqueles filmes devastadores, em que é impossível sair do cinema sem sofrer alguma sensação de desconforto ou tristeza.

BRANCOS ESCROTOS

Racistas abjetos agredindo verbal e fisicamente os que não consideram seus semelhantes por causa da cor. E isso tudo ocorrendo cerca de 70 anos atrás no país que já se arrogava o título de pilar e norte da democracia e da liberdade. É muita hipocrisia junta.

Mas os negros bravamente enfrentaram e enfrentam muito disso até hoje, e ainda seguem altivos (e produtivos).

Esses, sim, são os verdadeiros “panteras negras”, super-heróis negros que resistiram e resistem a séculos de exploração, humilhação e violência.

Detalhe: sem nenhuma roupa de vibranium.

Filme: Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi

Onde: Breve nos cinemas (já há algumas sessões de pré-estreia)

Avaliação: Ótimo ????

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Assista ao trailer de “Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi”, produção Netflix que concorre :

https://www.youtube.com/watch?v=xucHiOAa8Rs

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