“Uma Casa à Beira-Mar”, um dos mais belos e comoventes filmes franceses do ano está em cartaz nos cinemas.
Dirigido por Robert Guédiguian (“O Fio de Ariane”, “Armênia” e “As Neves do Kilimanjaro”, entre outros), lançado na Europa no ano passado. este filme parece querer tocar o mundo e todos os seus problemas a partir de uma só família retratada.
Sabem o que é incrível? Ele consegue, e de forma comovente
“Uma Casa à Beira Mar” fala de vida, morte, família, amor, ressentimento, ciúme, traição, solidariedade e resiliência. Tudo ao mesmo tempo.
TRÊS IRMÃOS À BEIRA-MAR
Três irmãos se reencontram num vilarejo paradisíaco –como o nome do filme diz– à beira do mar, no sul da França.
Maurice, o pai dos irmãos Armand, Angèle e Joseph, foi idealizador das construções do vilarejo décadas atrás, onde se manteve com um restaurante dedicado aos moradores, e não aos turistas.
Só que Maurice teve um derrame quase fatal e não se recuperará mais. Está entrevado numa cama e precisa de cuidados 24 horas. Quem cuida do pai é o solitário Armand.
Enquanto isso os tubarões imobiliários estão comprando quase toda a vila para transformar o local numa espécie de resort.
A família de Maurice é uma das últimas trincheiras na resistência ao capitalismo. Os irmãos, aliás, são soldados do socialismo.
Só que, quando Joseph e Angèle retornam por causa do pai, todos os problemas familiares, rancores e ressentimentos sobem à tona.
Angèle (a atriz Ariane Ascaride) é uma famosa atriz rumo à terceira idade.
O VELHO JOSEPH E SUA JOVEM MULHER
Seu irmão Joseph (o sempre fantástico Jean-Pierre Darroussin) também já passou dos 60 anos, e viajou acompanhado de sua atual mulher, a belíssima Bérangère (Anaïs Demoustier), que ele conquistou anos atrás num seminário.
Ela é uns 30 ou 35 anos mais jovem que ele e anuncia ao próprio que já está enfastiada do casamento.
Joseph foi demitido do trabalho há meses e acabou sendo obrigado a se aposentar.
Além de lhe dar um pé na bunda a jovem mulher nem esconde mais os flertes com um outro personagem bem mais jovem que Joseph.
Pobre Jojo. Pior, impossível. Ou será que não?
Já a atriz Angèle é triste e não tem ilusões. Sabe que não tem mais a beleza do passado, mas o local lhe causa uma amargura secreta que não cabe a esta resenha revelar.
E no meio disso tudo eles ainda são surpreendidos por um fenômeno tão comum nos nossos tempos: refugiados árabes tentando escapar da matança em seus países de origem.
Viajam amontoados em barcos podres que acabam chegando à costa daquele lugar paradisíaco. Cabe aos irmãos tomar alguma atitude. Qual? Vá ver.
FILME COM HUMANISMO ATÉ A BORDA
“Uma Casa à Beira-Mar” poderia ter qualquer nome, porque seria um filme maravilhoso de qualquer forma.
E aqui vai uma dica: cada centavo do ingresso já valeria se ele tivesse apenas a sequência final, uma das coisas mais emocionantes, tocantes e belas que você vai ver este ano nos cinemas.
Filme: “Uma Casa à Beira-Mar” #UmaCasaàBeiraMar
Onde: Em cartaz nos cinemas
Avaliação: Ótimo ????