“Judy”, que está em cartaz nos cinemas, concorre a Oscar de Melhor Atriz e Melhor Maquiagem.
Nesses dois quesitos vai concorrer com “O Escândalo”.
São duas histórias asquerosas que mostram como a hoje “justiceira” Holywood tem dívida no cartório da dignidade humana e, principalmente, no da mulher.
“Judy” é uma amostra de como o cinema, a Sétima Arte, a grande tela, a Academia, pipipi, popopó (eles adoram se enaltecer) nunca teve respeito por atrizes ou crianças.
Nascida em Minnesota (EUA) Judy Garland (Francis Ethel Gumm, 1922-1969) até teve uma infância razoavelmente feliz.
Ela é contemporânea de outra criança mina de ouro para o cinema: Shirley Temple (1928-2014).
Judy, a vítima
No início da adolescência, porém, graças a sua voz linda e talento para a dança, Judy vira “maquininha” do Pag Seguro.
Ela se torna fonte de renda para a família, familiares e empresários gananciosos.
Judy tinha 16 quando conseguiu o famoso papel de Dorothy em “O Mágico de Oz”. Isso mudaria sua vida para sempre, para o melhor e o pior.
O filme trabalha com idas e vindas entre o presente (ficcional) e o passado da artista, mas começa já por sua decadência financeira e física.
A saúde mental e a emocional já estavam derrubadas havia anos.
Este colunista não é expert em Judy Garland, mas, por vídeos, é possível perceber o esforço de Renée Zellweger em compor personagem tão difícil.
Zellweger, 50, que ficou famosa por filmes como “Bridget Jones”, tem uma chance enorme de se consagrar e levar o Oscar este ano.
Álcool e drogas
Desde a adolescência Judy foi viciada em anfetaminas e barbitúricos.
Foi viciada pela própria mãe e o empresário, é bom dizer, porque era considerada acima do peso (e também feia).
Tinha sérios transtornos alimentares. Fora isso se tornou com o tempo “manguaceira” de vodca e gim em larga escala.
Casou quatro vezes, teve três filhos dos quais a mais velha se tornou também famosa, Liza Minelli.
Parabéns, Hollywood!
Além do abuso físico e emocional, a –volto a dizer– “justiceira” Hollywood ainda muitas dívidas com a atriz (que, como podem ver, dá dinheiro a eles até hoje).
Aliás não só ela, mas muitas atrizes daquele período até os anos 90 sofreram abuso (financeiro; o sexual foi descarado até uns cinco anos atrás).
Vamos falar a verdade crua: desde que surgiram no mundo, os estúdios sempre trataram as mulheres como seres inferiores.
Sob o pretexto de que estavam ganhando espaço para brilhar, elas eram abusadas não só sexualmente (como Harvey Weinstein não me deixa mentir), mas também financeiramente.
Assinavam contratos leoninos. Se ganhavam bem, quase sempre aparecia um parasita –invariavelmente do sexo masculino– para sugar seus ganhos.
Com Judy não foi diferente. Faturava milhões de dólares, mas tinha só dívidas.
Ao ponto de não conseguir mais manter nem sequer os filhos pequenos Lorna e Joey (Liza já era crescidinha).
O fim
Judy morreu em 1969 de overdose acidental de barbitúricos.
Ficou constatado que ela não tomou uma dose para se matar. Foi se matando aos poucos.
Um de seus médicos constatou que, mesmo que não tivesse morrido de overdose, não teria durado muito –tal o estado de seu fígado.
A falta de comida e o excesso de bebida já a estavam encaminhando para outro fim: o da cirrose hepática.
Já vi milhares de filmes e posso garantir que, além de lindo, “Judy” é uma das histórias mais tristes –e duramente realistas– que o cinema já produziu (sobre si mesmo).
O filme, claro, tem defeitos: a personagem e assistente de Judy em Londres, Rosalyn (a atriz Jessie Buckley) simplesmente não decola.
Além disso o final é rococó e exagerado. Mas, é um drama, então está perdoado.
Vá ver
Mesmo com esses “senões”, “Judy” leva o público às lágrimas.
Nada estraga essas duas horas de uma Renée (e Judy) brilhante e uma história bem contada.
Não perca.
“Judy: Muito Além do Arco-Íris”
Onde: Em cartaz nos cinemas
Avaliação: Excelente ?????
Leia outras críticas de cinema no site Ooops
Veja o trailer de “Judy”