Em cartaz nos cinemas, “Lámen Shop” (Ramen Teh) é um filme delicioso. Sem trocadilho, já que eu, pessoalmente, não sou nem um pouco fã de lámen.
Co-produção entre Japão, Cingapura e França, o filme conta a história de Masato (o ator Takumi Saitoh), um jovem chef que trabalha com o pai num respeitado restaurante desse tipo de sopa-macarrão no Japão.
O pai de Masato é hoje um homem amargurado desde que ficou viúvo.
É tão azedo que mal olha na cara do filho. Por isso, talvez, Masato um dia este resolve viajar para Cingapura –a terra de sua mãe– para aperfeiçoar e tentar criar o melhor, mais saboroso e sacrossanto lámen do mundo.
O que o rapaz quer tentar, na verdade, é unir o seu lámen com o bak kut teh, uma sopa de costela de porco que era o prato vendido pela família da mãe quando ela era criança.
LÁMEN SHOP DE MÁGOAS
A viagem é também um acerto de contas de Masato consigo mesmo e com alguns antepassados da mãe, que nunca aceitaram que ela tivesse casado com um “maldito japonês”.
Nesse caminho ele também, obviamente, vai começar a conhecer o amor.
A avó de Masato ainda guarda enorme rancor de quando o império japonês invadiu e trucidou homens, mulheres e crianças após o cerco ou Batalha de Cingapura.
Foram 11 dias de pavor entre o final de janeiro e meados de fevereiro de 1942, quando soldados japoneses se infiltraram no território então defendido pelos aliados e fizeram barbaridades com seu povo.
A avó de Masato viveu esse período e nunca mais quis saber da filha.
Ela a considerava uma traidora da família e da pátria por ter se casado com o “inimigo”. Porém, Masato terá como aliado um compreensivo tio –que também é ótimo cozinheiro.
A aparição de Masato na porta da idosa vai abrir um novelo de lembranças e angústias do passado, tanto do país como de sua própria linhagem.
Um outro atrativo do longa “Lámen Shop” é a riqueza e a fotografia dos ingredientes e pratos, exibidos quase sempre em closes generosos ao ponto de fazer o público salivar e até sentir o cheiro da comida.
É quase uma experiência de “pareidolia cinematográfica” (vão descobrir o que significa pareidolia no dicionário).
FILMES SABOROSOS
Nesse ponto, “Lámen Shop” lembra, ou com trocadilho, tem o sabor de outros filmes culinários muito adoráveis.
Entre eles eu citaria “Simplesmente Marta” (o original de 2001, não o remake com Catherine Zeta-Jones); “A 100 Passos de Um Sonho” (2014, co-produzido por Oprah Winfrey e Spielberg), e o divertidíssimo “Chef” (2014), com Jon Favreau no papel de chef fracassado que vira dono de um food truck.
Ou ainda o adorável francês “Os Sabores do Palácio”, com a bochechuda e expressiva Catherine Frot.
“Lámen Shop” tem um desfecho incrivelmente emocionante e é difícil impedir que algumas lágrimas brotem.
É um filme que honra até o valor abusivo do ingresso de cinema no Brasil. E isso já significa muita coisa hoje em dia.
Filme: “Lámen Shop” #LamenShop
Onde: Em cartaz nos cinemas
Avaliação: Ótimo ????