O dia que Roberto Marinho foi xingado na Globo é um dia que a emissora gostaria de esquecer.
Mas, é impossível: 7 de outubro de 1998. Nesse dia, o dono da Globo (que morreria em 2003).
Dois dias antes havia estreado a 5ª temporada de “Malhação”, e naquela tarde a novelinha juvenil da Globo seria exibida ao vivo.
Trancados num quarto, Mocotó (André Marques) e seus amigos interagiam com os telespectadores e, a uma certa altura, ele vai até uma tela de computador onde vai ler as mensagens enviadas.
O dia que nunca terminou
Ainda estávamos nos primórdios da internet, que estava chegando ao Brasil por conexão discada.
A direção fez a temeridade de colocar no ar, ao vivo, a tela do computador com as mensagens que estavam chegando.
Mocotó interrompe a novelinha para avisar que vai ver as mensagens. A marca “ao vivo” está no ar.
Tudo começou bem, com muitas mensagens contra a violência, ou pedindo paz. Uma postagem falava que “o que falta ao povo é amor a Deus”.
Roberto Marinho xingado
Foi quando entrou um telespectador usando o nome de FHC (Fernando Henrique Cardoso, então presidente) e postou a frase em maiúsculas:
‘ROBERTO MARINHO TRAFICANTE”.
Foram os 3 segundos mais longos da história da TV.
Mocotó, ou melhor, o ator André, atento, tentou rolar a tela para baixo, mas só piorou: a frase estava repetida logo abaixo, escrita 12 vezes seguidas.
Só faltou disparar uma sirene dentro da Globo no Rio, porque praticamente a emissora toda estava sintonizada em “Malhação”.
A série dava mais de 32 pontos de ibope, que hoje seria 30% a mais do que o “Jornal Nacional” registra hoje.
Jornais abafaram
Algumas cabeças rolaram por causa do incidente, mas a Globo poupou os maiores cargos, de forma geral.
Porém, para vocês sentirem o impacto do ocorrido, cerca de 2 meses depois o formato acabou. E a temporada seguinte teria não 1, mas 3 diretores –incluindo o ascendente e já badalado Ricardo Waddington.
Nunca mais ninguém teve a ideia idiota de colocar uma tela de computador ao vivo e sem moderação.
A rapidez como André viu e reagiu ao que estava acontecendo (três segundos) foi bastante elogiada pela então direção artística da casa.
Curiosamente, praticamente nenhum veículo, jornal, revista ou colunistas à época noticiou o fato.
Nos anos 90 vigorava um acordo entre os donos dos meios de comunicação para impedir que notícias como essa viessem a público.
A história só se tornou mais conhecida anos depois, em sites de história da TV.
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