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Crítica: O Destino de Uma Nação força a mão, mas ainda é grande cinema

Como cinéfilo, uma frase que já cansei de ouvir é:

“Ainnn, mas eu não suporto filme de guerra”.

Como se “guerra” tivesse virado só uma categoria cinematográfica (como ficção, suspense etc) e não parte inseparável da humanidade.

Pois bem, “O Destino de Uma Nação”, que estreou na semana passada nos cinemas, não deverá estar em nenhuma lista dos “10 melhores filmes de guerra” da história do cinema, mas, ainda assim, é obrigatório para quem aprecia essa arte.

Na verdade, ele poderia talvez fazer parte de uma imaginária trilogia sobre o primeiro-ministro britânico exibida nos cinemas nos últimos 12 meses, que inclui “Dunkirk” e o biográfico (e muito fraco) “Churchill”.

Como todo filme, “O Destino…” tem qualidades e defeitos a granel.

Nas qualidades estão a montagem, a fotografia e atuações espetaculares de Gary Oldman (Churchill), Kristin Thomas (que interpreta sua esposa, Clemmie) e, em menor nível, de Lily James (a assustadiça secretária do primeiro-ministro britânico, a Srta. Layton).

Defeitos também não faltam, e, curiosamente, parte deles pode ter sido influenciada pela impressionante paixão com que Oldman encarnou o papel. Vejam bem, estou aqui especulando, eu  não estava nos sets de gravação para saber isso.

Durante a primeira parte do filme, Churchill é retratado como aprendemos em confiáveis biografias: um verdadeiro patriota, irascível, egocêntrico, alcoólatra em último grau e um verdadeiro grosso com subalternos.

Com a ameaça nazista avançando sobre a Europa, porém, o personagem se humaniza e modifica em boa parte seu caráter.

Claro que isso deve mesmo ter ocorrido. Imaginem o tamanho da pressão. Prováveis erros estratégicos e militares anteriores fizeram com que o exército britânico estivesse a um passo de ser dizimado de fato por Hitler.

A certa altura, a esposa de Churchill, arrasado e acuado, tenta confortá-lo: “(tenha calma) Você está carregando o mundo nas costas!”

De fato estava.

Mas, daí a uma cena específica que não pretendo descrever aqui, em que ele se aventura pela primeira vez no metrô de Londres…. pera…

LICENÇA POÉTICA NO METRÔ

Entendo perfeitamente que cinema é liberdade artística, e que trata-se aqui de uma obra dramática, não um documentário.

Mas, por curiosidade, pesquisei em todos os livros de história e sites que pude e um dos momentos mais pungentes e impactantes do filme –pelo que apurei– jamais ocorreu.

Um exagero (desnecessário, creio) destinado apenas a enaltecer ainda mais um homem que, só pela idade e estado físico, já mereceria todos os créditos da história.

Lembremos: provavelmente nós só estamos vivendo aqui nesta tresloucada democracia graças a Churchill. Porque, se dependêssemos da ação política de gente como  Lord Halifax… 

Como amante da veracidade, essa invencionice me deixou um tanto frustrado, pois na verdade amei o filme.

Mesmo assim não deixaria de indicá-lo a quem gosta de um bom e grandioso cinema, ainda que com suas imensas licenças poéticas.

No entanto, não chega perto da crueza espetacular do seis estrelas “Dunkirk” (2017). 

Filme: O Destino de Uma Nação

Onde: Em cartaz nos cinemas

Avaliação: Muito bom ???

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